A beleza das “Histórias da Diáspora Negra”, sob o foco de Alice Marcelino

Nascida em Angola em 1980, criada em Portugal e há uma década fixada em Londres, a artista visual Alice Marcelino inaugurou no passado dia 13 a sua primeira exposição individual em terras lusas. Intitulada “Kitoko – Histórias da Diáspora Negra”, a mostra reúne retratos de diferentes comunidades africanas, com foco em Portugal e no Reino Unido. Para ver gratuitamente até 5 de Março de 2022, na Galeria Municipal de Arte, em Almada. Ao encontro de um “novo discurso, uma nova estética num desejo político de afirmação e de empoderamento”.

por Afrolink

Entre o belo e o revolucionário, o retrato de Alice Marcelino busca “um novo espaço de construção de identidade” da diáspora negra, que vá “para além dos estereótipos, para além dos cânones”.

O resultado pode ser visitado até 5 de Março de 2022 na Galeria Municipal de Arte, em Almada, onde a artista inaugurou, no passado fim-de-semana, a sua primeira exposição individual.

Intitulada “Kitoko* – Histórias da Diáspora Negra”, a mostra reúne retratos de diferentes comunidades africanas, com foco em Portugal e no Reino Unido, países centrais na história de Alice e no trabalho patente em Almada.

“O foco da atenção da artista, nos retratos realizados no Reino Unido, centrou-se nas gerações posteriores à chamada Windrush generation – proveniente das Caraíbas e que imigrou em massa, a convite do governo inglês, para aquele país entre 1948 e 1971. Uma comunidade mal recebida, vítima de um racismo violento e de segregação”, lemos na sinopse da exposição.

Já em Portugal, “o foco de Alice é a falta de representação da comunidade africana e seus descendentes que, sendo portugueses, são invariavelmente tratados como estrangeiros”.

Questionamento e apropriação do retrato

De uma geografia a outra, “as suas imagens exploram as noções de identidade de uma forma honesta, directa, empática e ‘naturalmente’ cultural”, num caminho em que “persiste uma vontade de desconstruir estereótipos e de desafiar ideias feitas, obrigando o espectador a tomar consciência das suas presunções etnocêntricas”.

A interpelação de consciências faz-se a partir da celebração da individualidade de quem é capturado pela lente, mas também da construção de uma ideia comovente de vida comunitária.

“Há uma intimidade quase desarmante nestas fotografias”, salienta-se na sinopse, que destaca igualmente a arte com que Alice Marcelino questiona e se apropria do retrato, reconhecido como um dos cânones mais centrais da história da arte ocidental.

“Neste nosso clima social revolucionário, o tema da identidade é central e crítico. As imagens de Marcelino (em cima, na foto) participam nesta discussão, criando um espaço para um novo discurso, uma nova estética num desejo político de afirmação e de empoderamento”. Negros.

 *No idioma Lingala do Congo Francês Kitoko significa beleza.

Visite a exposição “Kitoko – Histórias da Diáspora Negra”, na Galeria Municipal de Arte, em Almada.

Horário:

De terça-feira a sábado, das 10h às 13h e das 14h30 às 18h