“A culpa foi do machismo, não do bairro” – um apelo contra a violência de género
por Flávio Landim Gonçalves
Em criança eu vi mulheres a serem agredidas no bairro onde eu cresci. A culpa não foi do bairro, foi do machismo. Eu não tinha ainda 10 anos de idade e raramente essas agressões, que começavam dentro de quatro paredes e terminavam na rua, tiveram a presença da polícia a seguir, fosse porque “entre marido e mulher não se metia a colher”, fosse porque era uma situação que era normalizada.
Normalizadas por quem agredia, normalizada por quem assistia e normalizada pelas vítimas. Isto não acontecia (não acontece) só com o machismo. Também acontece com outros fenómenos sociais que conhecemos.
Porquê que a violência acontece perante a inércia de quem assiste de fora? Porque se acha que a luta é apenas da vítima que sofreu a agressão? Porquê que nestas situações não somos sociedade e passamos a ser indivíduos, mulheres na sua maioria?
Porquê que nós homens somos passivos nestas situações e não usamos a nossa reconhecida energia masculina para a acção?
Resposta: Porque, em geral, “o privilégio é invisível para quem o tem”.
Porque nós homens não temos consciência da importância do género. Um dia que a tenhamos será o primeiro passo para levar os homens a apoiarem a igualdade de género, a utilizar o seu espaço de privilégio e agir pelo fim da violência contra as mulheres.
Este sábado há uma oportunidade para podermos dar esse primeiro passo, para ganhar consciência. Aproxima-se o dia 25 de Novembro que é o Dia da Eliminação da Violência Contra as Mmulheres e por isso os Men Talks fazem o convite a uma reflexão necessária e tomarmos medidas urgentes para terminarmos com a violência de género.
Não é preciso criar uma associação ou um projecto para fazer a diferença mas pode ser preciso ser diferente para fazer a diferença em pequenas coisas. Quais?
Deixo o link do evento.
Será já amanhã.