A educação para o feminismo que é obra, numa vida de “milhões de ofícios”

Nascida em Faro em 1979, Lúcia Vicente dedicou-se ainda adolescente ao activismo feminista, caminho que, já depois de se ocupar de “milhões de ofícios”, ganhou expressão literária em “Portuguesas com M grande”, o seu primeiro livro infantil. Seguiu-se “Raízes Negras”, a sua obra mais recente, a folhear amanhã entre partilhas de vida, reservadas para a emissão semanal d’ O Lado Negro da Força. Até lá, ficamos com algumas notas biográficas da autora.

por Afrolink

Para quem sempre encontrou nos contos de princesas fonte de urticária, talvez o livro “Portuguesas com M grande” seja um bom remédio. Isto a avaliar pelo diagnóstico da própria autora, Lúcia Vicente, que admite sofrer de ‘reacção adversa’ às histórias principescas. 

A ‘comichão’ vem de longe, conta a também autora de “Raízes Negras”, a sua obra mais recente.

Nascida em Faro há quase 42 anos, numa família cheia de mulheres, Lúcia foi a primeira desse núcleo a concluir uma licenciatura. “Cedo se questionou sobre o papel da mulher na sociedade e por que razão os livros de História nunca mencionavam mulheres”, lemos na sua biografia, onde o activismo ocupa um lugar central. 

O foco para a mudança ressalta da criação do colectivo feminista MUPI (Mulheres Unidas Pela Igualdade), estrutura fundada em 1995 com um grupo de amigos. 

Dois anos depois, Lúcia fixa-se em Lisboa, onde se licenciou em História Cultural e das Mentalidades, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. 

Já em 2007, entrou para o mestrado de Estudos de Género da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, abandonado por “diferenças ideológicas e de pensamentos históricos inultrapassáveis”. Segundo a biografia da autora, a incompatibilidade académica surgiu por teimar “em olhar a História das Mulheres através dos olhos das mulheres, e não pela lente dos Homens”.

Não estranha, por isso, que o activismo e a educação para o feminismo sejam, a par da escrita, aquilo de que mais gosta de fazer.

Pelo caminho ficaram “milhões de ofícios” que já teve, trajectória marcada igualmente pela “tendência para mudar de poiso de 10 em 10 anos”. A última vez em que isso aconteceu, recorda, deixou Berlim para se instalar num monte alentejano. Saiu “farta de gente”, e em família se tem conservado, com o seu companheiro, filha e dois cães. Amanhã junta-se ao Lado Negro da Força e talvez se faça acompanhar da sua frase favorita: “Morra o patriarcado, morra! Pim!”.

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