“A liberdade não se concede, conquista-se. Que a conquistem os negros!” – a ler

Com textos de Mário Domingues, escritos para “A Batalha” e outros jornais libertários, bem como artigos publicados na “África Magazine”, a recém-lançada antologia “A liberdade não se concede, conquista-se. Que a conquistem os negros!” vai estar à venda no Mercado Afrolink, cuja próxima edição acontece no domingo, 1 de Outubro. A obra foi co-editada pela Falas Afrikanas, Letra Livre e A Batalha, e apresenta na capa a reprodução de um desenho do artista plástico António Domingues, filho do escritor. O Afrolink antecipa um pouco do que pode ler, a partir da contracapa.

por Afrolink

“A liberdade não se concede, conquista-se. Que a conquistem os negros!” apresenta uma antologia de textos de Mário Domingues, “mandada imprimir pela Livraria Letra Livre em 2023, numa tiragem de 1000 exemplares, 46 anos após a morte do autor, em véspera do cinquentenário do fim da ditadura do Estado Velho e do colonialismo português e 104 anos após a fundação do jornal anarco-sindicalista A Batalha, que teve como um dos seus redactores Mário Domingues.”

A obra, cuja sinopse partilhamos, estará à venda no Mercado Afrolink.

Essas revoltas periódicas que se verificam aqui e acolá, não são mais do que prenúncios de uma revolução imensa que abaterá o poder, não apenas dum país, mas de todas as potências coloniais. Parece estar indicado que o movimento emancipador dos africanos tende a generalizar-se, aproximando-se do ideal de uma confederação continental.

Não estão as colónias portuguesas, infelizmente, tão adiantadas como as inglesas ou alemãs em matéria revolucionária, mas as perseguições e as violências que sobre elas pesam levá-las-ão ao caminho do ideal emancipador. A tirania cria no tiranizado uma grande sede de liberdade. A flor do ideal principia agora desabrochar nas colónias portuguesas. Breve talvez – a continuarem os assassinatos e as extorsões a que temos feito referência – a luta pela Independência, luta franca e leal, começará a fazer sentir os seus efeitos. Irão daqui expedições patrióticas submeter o gentio rebelde, espalhar a morte e a injustiça pelos sertões. Os jornais apodarão os revoltosos de traidores à pátria, como se Portugal, com todos os seus abusos e violências, pudesse ser considerado pátria pelos tiranizados pelos escravos infelizes. O negro não pode ter deveres para com um país que lhe rouba todos os direitos.”