“A Mecânica do Efémero” em acção, pelas criações de seis artistas angolanos
A Galeria Filomena Soares, em Lisboa, apresenta, até 15 de Janeiro de 2022, a exposição colectiva “A Mecânica do Efémero”, que reúne criações dos artistas angolanos Flávio Cardoso, Kiluanji Kia Henda, Damara Inglês, Délio Jasse, Rui Magalhães e Sofia Yala. Para conhecer de terça-feira a sábado, com entrada livre, e textos de Gisela Casimiro.
por Afrolink
Fotos de Galeria Filomena Soares
Na morada lisboeta que, desde 2014, representa o trabalho do artista Kiluanji Kia Henda – autor do projecto vencedor do Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas –, abrem-se as portas às criações de outros cinco artistas, tal como Kiluanji negros e angolanos.
Os seis estão juntos na exposição “A Mecânica do Efémero”, patente até 15 de Janeiro do próximo ano, e que passamos a apresentar pelas palavras da escritora Gisela Casimiro, convidada por Kiluanji Kia Henda a assinar os textos que acompanham a mostra.
“A Mecânica do Efémero parte da ideia de arte enquanto mecanismo que nos permite viajar por diferentes temporalidades, através de uma abordagem que muitas vezes recorre à fantasia, mas onde a imaginação se torna uma importante aliada de questionamentos históricos e sociopolíticos.
Embora os discursos dos artistas convidados sejam diversos na sua abordagem e na navegação deste fluxo temporal e identitário, existe o denominador comum na sua relação com um continente onde repousam os sonhos e desvarios de fantasmas forasteiros. Existe e urge ainda criar um futuro que continua sustentado por inócuas promessas de progresso e liberdade, algo que não é exclusivo do continente africano, acolhendo também as influências de diversas linguagens artísticas e referências que constituem este trabalho conjunto, extravasando as fronteiras nacionais e plataformas continentais.
A arte, enquanto simulacro de um possível futuro, remete-nos a uma inevitável distopia, mas talvez fosse já a colonização essa distopia e, os poderes estabelecidos após as independências, uma continuação dessa distopia. Quem olha, quem sobrevive a estas cápsulas do tempo, pode ter de limpar uma finíssima camada de cinzas para chegar a um retrato reconstruído e escurecido.
Gisela Casimiro”
Visite a exposição “A Mecânica do Efémero”, na Galeria Filomena Soares, em Lisboa
Morada: Rua da Manutenção n.º 80 (Xabregas)
Autocarros: 718, 728, 739, 742, 759Datas e horários: de terça-feira a sábado, das 10h às 19h
Para mais informações: +351 962 373 956
Da esquerda: Damara Inglês, Kiluanji Kia Henda, Sofia Yala, Gisela Casimiro e Délio Jasse