Ângelo Torres e a arte de contar e representar histórias

Nasceu na Guiné Equatorial, com ascendência de São Tomé e Príncipe. Na infância viveu em Espanha, onde se estreou na representação, mas acabou por se formar em Cuba, no curso de Engenharia Termodinâmica. Hoje em Portugal, Ângelo Torres tem carreira como actor e contador de histórias, percurso que ganhou visibilidade com a novela “A única mulher”, e que amanhã está em destaque n’O Lado Negro da Força.

por Afrolink

A televisão estava longe de ser uma novidade na trajectória de Ângelo Torres quando a novela “A última mulher” estreou no pequeno ecrã.  Mas foi a partir dessa produção da TVI que o actor ganhou visibilidade e se popularizou.

“A novela trouxe-me para as luzes da ribalta. Hoje ainda não me dou ao luxo disso, mas caminho a passos largos para poder trabalhar, quando quero, com quem quero e como quero”, disse o também contador de histórias, em entrevista ao portal UAL Media.

À mesma publicação, Ângelo Torres revisitou o seu percurso de vida, iniciado na Guiné Equatorial, e marcado por várias geografias.

“Dizem que nos primeiros dez ou onze anos das nossas vidas, a personalidade da pessoa define aquilo que somos quando adultos, e o facto de ter vivido até aos 21 anos em cinco países definiu bastante”, reconhece o actor, para quem o sentido de justiça e de igualdade se construiu a partir das vivências guinéu-equatoriana e espanhola.

“Na Guiné Equatorial, desde muito cedo vivenciei o que é uma ditadura repressiva com mortes e prisões arbitrárias”, contou, acrescentando que em Espanha o confronto com a discriminação racial reforçou essa sede de justiça social.

Já em Cuba, onde se formou em Engenharia Termodinâmica, Ângelo Torres aprofundou a sua veia política. 

“Assumo-me de esquerda e, no seio familiar, o meu pai era comunista. Cuba acabou por moldar a semente que já tinha sido lançada. Lá ganhei consciência política de adulto. Sou de esquerda graças à minha família, mas, sobretudo, graças à minha vivência em Cuba”.

A partir de 1986 em Portugal, o mundo da representação acabou por levar a melhor sobre o da engenharia.

A troca deu-se por acaso, tal como a estreia como actor, vivida ainda na infância espanhola.

Na altura, recordou Ângelo, um casting para o filme “Zorro” abriu caminho para outro: teve um pequeno papel em “O Comboio para Charleston”.

O percurso na representação, retomado em Portugal, acabou por se cruzar também com os contos.

“Se me fossem perguntar qual é que mais gosto, acho que é a contar histórias, o contar histórias sou “eu””.  

Amanhã ouvimos n’ O Lado Negro da Força a partir das 21h, em directo no Facebook e no YouTube.