“Apenas a minha imaginação”, ou as vivências negras vistas por dentro

A fotografia da sul-africana Zanele Muholi e as pinturas do nigeriano Ayogu Kingsley encontram-se na exposição “Just My Imagination (Running Away with Me)”, que se inaugura na próxima quinta-feira, 25, às 17h, no Hangar, em Lisboa. Com curadoria de Azu Nwagbogu, fundador e director da African Artists’ Foundation, a mostra, de acesso livre, ficará patente até ao final de Janeiro do próximo ano. Como uma “ode à esperança de viver uma vida familiar simples e tranquila”, através do Retrato Negro.

por Afrolink

Sem as lutas pelas Liberdades Civis nos EUA, nem pelas Independências em África, que emoções se soltaram na vivência da negritude? O que se manifesta em nós quando já não temos de nos afirmar na disputa com o “outro”?

As criações dos artistas negros produzidas pós-anos 60 e 70 – décadas marcadas pelo movimentos americano dos direitos civis e pelas guerras de libertação africanas – oferecem-nos respostas. Como por exemplo, expressões de música e literatura enraizadas “na alegria, no amor, na diversão, e na família Negra, sem deixar de abordar, de modo subtil, as injustiças sociais a partir de dentro”.

O olhar diferenciado e diferenciador, presente nessa ideia de Negritude pós-moderna é hoje recuperado na cultura visual contemporânea através do Retrato Negro, assinatura comum à arte da fotógrafa sul-africana Zanele Muholi (imagem em cima) e do pintor nigeriano Ayogu Kingsley (em baixo).

A comunhão pode ser vista na exposição “Just My Imagination (Running Away with Me)”, que se inaugura na próxima quinta-feira, 25, às 17h, no Hangar, em Lisboa.

O título da mostra, com curadoria de Azu Nwagbogu, fundador e director da African Artists’ Foundation, extrai-se da discografia do grupo americano de Soul, The Temptations.

Aqui, tal como nas melodias psicadélicas Soul da obra epónima dos Temptations, lançada em 1971, “o artista funde-se e atravessa o imaginário e a realidade para enfrentar o eu”, lemos na sinopse.

“Entre a auto-exploração vulnerável e declarações arrojadas, cada obra de arte desafia os arquétipos normativos e os padrões de comportamento ditados pela cultura contemporânea”, prossegue o texto, acrescentando que na canção ‘Just My Imagination (Running Away with Me)’ “a icónica banda fantasia acerca da felicidade doméstica, o tipo de futuro utópico que é nitidamente negado e dissociado da experiência Negra contemporânea”.

A exposição,  que”apresenta um realismo natural que se torna visível através da pintura e da fotografia, uma vez que ambos os meios interagem e dominam a arte contemporânea de hoje em dia”,  ficará patente até 29 de Janeiro de 2022. Como uma “ode à esperança de viver uma vida familiar simples e tranquila”.

A mostra “Just my imagination (Running Away With Me)” pode ser visitada de 25 de Novembro a 29 de Janeiro de 2022

De quarta-feira a sábado, das 15h às 19h

Abertura: 25 de Novembro, das 17h às 21h