As lições ancestrais que deram sentido à vida da professora Renata Ribeiro
por Afrolink
As raízes humildes e rurais de Renata Ribeiro, fincadas em Guaramiranga, no estado brasileiro do Ceará, fortaleceram-se com resistência a cada provação.
“Eu estudei da pré-escola ao 7.º ano nas escolas da zona rural, depois fui para o centro da cidade que fica a quase 8 quilómetros da minha casa… Fui algumas vezes a pé, pedindo boleia, e quando não tinha transporte público, o nosso transporte era o pau de arara(camião). No secundário só tínhamos turma a noite…”, introduz a hoje professora, recuando a “tempos difíceis”.
Desde cedo habituada a trabalhar – “aos 12 anos de idade já vendia produtos para ganhar um dinherim”, conta –, a cearense também tem experiência como babá e empregada doméstica.
“Mudei de trabalho algumas vezes devido a tentativas de abuso sexual”, partilha Renata, de volta ao período em que fazia trabalho doméstico de dia para poder pagar os estudos, que frequentava de noite.

“Meus pais nunca aceitaram eu sair de casa jovem. Então eu enfrentei tudo, e já que saí de casa casei, e depois divorciei…mas eu não poderia desistir”.
Determinada, a professora e mãe do Esaú não só prosseguiu os estudos, como nunca mais parou de aprender. Da História e Geografia para as relações étnico-raciais, passando pela Psicopedagogia, Administração Escolar, e Antropologia, Renata continua a somar especializações à formação académica, agora direccionada para um doutoramento em Estudos Africanos.
A par do já longo percurso de trabalho e de estudos, a vida de Renata é pontuada pela ligação a vários colectivos, nomeadamente anti-racistas. “Costumo dizer que fui educada por avós, elas me ensinaram desde muito criança o sentido da vida. Eu aprendi a fazer parte de movimentos sociais, pensar que é possível um mundo digno através das minhas avós”, conta a convidada de hoje d’ O Lado Negro da Força.
Para conhecer a partir das 21h.