Assassinato racista de Ademir Moreno nos Açores mobilizou vigília no Faial

Mais de 200 pessoas juntaram-se ontem, 19, em frente à Câmara Municipal da Horta, nos Açores, numa vigília por Ademir Moreno, cidadão cabo-verdiano de 49 anos assassinado no último fim-de-semana, na Ilha do Faial. O homicídio, garantem vários relatos, teve motivação puramente racista. “Testemunhas oculares afirmam ter-se tratado de crime de ódio racial”, e mencionam injúrias racistas à vítima anteriores ao ataque, adiantam os promotores da vigília, acrescentando que antes da noite do ataque fatal “já teria havido agressões e insultos racistas por parte de pessoas próximas ao agressor, dirigidos a outros membros da comunidade africana da ilha”.

Texto por Afrolink

Foto de capa partilhada por João Stattmiller

O grupo informal de cidadãos que organizou ontem, 19, nos Açores, a vigília por Ademir Moreno, cidadão cabo-verdiano de 49 anos assassinado no último fim-de-semana, na Ilha do Faial, divulgou um comunicado em que assinala que este crime é “um lembrete doloroso dos desafios persistentes que enfrentamos em relação ao racismo e à xenofobia”.

Segundo o documento, mais de 200 pessoas juntaram-se para a homenagem a Ademir, realizada em frente à Câmara Municipal da Horta, e muitas “de megafone em punho, fizeram declarações na primeira pessoa, relatando situações de assédio verbal e físico de ordem racista que têm sentido ao longo dos anos”.

Na mensagem lê-se que, na ocasião, “crianças, jovens, adultos e pessoas mais idosas demonstraram a sua rejeição a estes comportamentos, exigindo respeito e justiça”.

Reportando-se às agressões que levaram à morte de Ademir Moreno, o grupo assinala que “testemunhas oculares afirmam ter-se tratado de crime de ódio racial”, e mencionam injúrias racistas à vítima anteriores ao ataque, adiantam os promotores da vigília, acrescentando que antes da noite do ataque fatal “já teria havido agressões e insultos racistas por parte de pessoas próximas ao agressor, dirigidos a outros membros da comunidade africana da ilha”.

De notar que a vigília foi organizada “por um grupo informal de pessoas próximas às pessoas que assistiram ao sucedido naquela noite”, tendo contando com a presença de “membros da comunidade africana da ilha, de fora desta comunidade, e ainda de cidadãos de outras nacionalidades”.

Além de “expressar solidariedade, repúdio e demandar justiça”, a mobilização pretendeu “homenagear a memória da vítima”, e procurou também “dar-se destaque à importância urgente de combater todas as formas de discriminação racial na nossa sociedade”.

Para que o ódio não volte a matar.