Comer com saúde e sabor: a receita da marca Mily, de Ângela Semedo

A partir do próprio plano de reeducação alimentar, nascido do alerta de uma nutricionista, Ângela Semedo teve a ideia de criar a sua marca de comida saudável: a Mily. Lançada em Dezembro passado, a novidade serve-se à medida dos novos hábitos desta empreendedora: “Comer bem e com saúde, sem abdicar do gosto e do prazer”.

por Paula Cardoso

Se somos o que comemos, o que escolhes ser? A pergunta apanha-nos entre posts da marca Mily no Instagram, nascida, ela própria, de uma decisão alimentar.

“Fiquei muito assustada quando a minha nutricionista se virou para mim e disse ‘Você é jovem, mas os seus exames médicos apresentam valores como se já tivesse 45 ou 50 anos’”, recorda Ângela Semedo, rematando: “Foi aí que decidi: está na hora de fazer uma grande mudança”.

A consulta da viragem aconteceu no ano passado, e abriu caminho a uma transformação procrastinada desde 2016, ano em que a balança de Ângela começou a entrar em desequilíbrio.

“Estive bastante doente, e cheguei mesmo a passar três semanas sem conseguir comer. Na altura, lembro-me de dizer: eh, pá, quando isto passar, vou comer de tudo um pouco. Dito e feito, quando recuperei, comi tudo o que não pude comer antes e acabei por engordar bastante”.

A marca da mudança alimentar

Habituada a pesar no máximo 70 quilos, e a mover-se num corpo magro e atlético – à medida de um passado como bailarina, atleta federada e também modelo –, Ângela começou por atingir os 80 quilos, valor a que se juntaram outros 20, com a primeira gravidez, em 2018.

“Entretanto tive o meu segundo filho, e continuei a aumentar muito o meu peso”.

Agora recupera a forma e a saúde com a adopção de novos hábitos alimentares, transformação por detrás da criação da marca Mily, lançada em Dezembro passado.

“Comecei por mudar toda a minha despensa, comprando apenas coisas saudáveis” conta a empreendedora, explicando que a estratégia facilitou a experimentação culinária.

“Em vez de me limitar a fazer uma receita mais saudável pontualmente, optei por uma mudança mais profunda”.

 

O preço alto de comer saudável

Neste processo de novas escolhas, Ângela, que tem formação em Psicologia, confrontou-se com um desafio adicional. “Os produtos heathy, principalmente os snacks, são um pouco mais caros. Portanto, apercebi-me que nem toda a gente consegue suportar o custo de comer mais saudável”.

As diferenças na factura começam em bens essenciais, como o leite, aponta a criadora da Mily, identidade cunhada a partir dos nomes dos dois filhos: Micael e Lyam.

“Comprar um litro de bebida vegetal, seja ela de aveia, de amêndoa ou do que for, não é o mesmo do que comprar um pacote de leite meio gordo de marca branca no supermercado”, salienta, acrescentando que a conta dispara quando se acrescentam os valores de “snacks, do pão, das bolachas, dos bolos, etc”.

O choque financeiro acabou por aguçar o engenho culinário de Ângela, facilitado pela intervenção de um robô de cozinha.

“Também sou agente Bimby, e comecei a fazer tudo na minha: as bebidas vegetais, os pães, os bolos e tudo o mais”.

Negócio montado a partir da experiência multinacional

Além de se aventurar por novas receitas, a empreendedora foi partilhando os resultados com algumas pessoas, e, a partir do feedback positivo, deixou a ideia de negócio a marinar.

“Comecei a ponderar a possibilidade, e a fazer um estudo de mercado de preços, de matéria-prima, de concorrência”, conta, sublinhando a mais-valia do seu background profissional. “Trabalho desde 2004 numa multinacional fantástica que é a IKEA, e onde já liderei equipas enormes. Neste momento estou linkada à área das compras – click and collect –, mas durante alguns anos estive na área da restauração, que me trouxe uma bagagem excelente para conseguir avançar com mais força e alguma experiência neste projecto”.

A par das competências mais técnicas, a Mily beneficia do conhecimento vivencial obtido por Ângela no seu processo de reeducação alimentar.

O efeito nota-se, por exemplo, na apresentação dos produtos, muitas vezes acompanhada de uma descrição dos ingredientes que os compõem, e do seu impacto para a saúde.

“Fiz e faço muita pesquisa, e, além disso, tenho na família um PT (Personal Trainer) fantástico, que está constantemente em cima de nós, e a dar-nos na cabeça, a dizer: ‘Não comam isto, não comam aquilo’”.

Saúde com muito sabor

As aprendizagens passam ainda pelos rótulos de algumas embalagens vendidas em lojas especializadas em alimentação saudável.

“Comer com prazer é muito importante para mim. Então fui experimentando alguns produtos, e sempre que o sabor não me satisfazia completamente, via os ingredientes e tentava fazer de outra forma, adaptando ao meu gosto”.

O ‘laboratório’ de sabores aprimora-se também com o feedback dos clientes Mily, que Ângela faz questão de ouvir, depois de cada encomenda.

Às opiniões dos consumidores, a empreendedora junta ainda os conselhos nutricionais de uma especialista, com quem partilha algumas receitas.

“O meu foco é sempre o de promover uma alimentação saudável”, reforça, disposta a sensibilizar a comunidade africana e afrodescendente para novos hábitos alimentares.

“Somos muito resistentes e um bocado teimosos, por causa da nossa gastronomia, com muitos refogados, molhos e fritos”, admite Ângela cuja ascendência junta pratos de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Consciente de que a alimentação saudável goza de uma má reputação em termos de sabor, e que as pessoas tendem a achar que é sinónimo de ser vegetariano ou vegano, a criadora da Milfy empenha-se em desfazer os equívocos.

Desde logo, esclarece que não é vegetariana nem vegan, apesar de comer cada vez menos carne e peixe. Ao mesmo tempo, dá a provar as suas receitas aos mais cépticos, e prepara formações dirigidas a um público infantil. Para mostrar também aos mais novos que é possível “comer bem e com saúde, sem abdicar do gosto e do prazer”.

 

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