“Descolonizar a descolonização”, a partir do filme de Ousmane Sembène

O auditório 3, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apresenta hoje, 18, às 18h30, o filme “Borom Sarret”, que marcou a estreia na sétima arte do senegalês Ousmane Sembène. Apelidado de “pai do cinema africano” Sembène, falecido em 2007, retrata, nessa produção “um dia na vida de um condutor de carroças em Dakar”. A obra dá o mote para uma conversa intitulada “Descolonizar a descolonização”, com a presença do artista e investigador norte-americano Philip Cartelli e do investigador canadiano Samir Gandesha. O programa está inserido na terceira sessão da iniciativa “Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia 2023-2024”. Com acesso livre, embora sujeito à lotação do espaço.

Texto por Afrolink

Foto de capa: Still do filme “Borom Sarret” (1963), de Ousmane Sembène

Escrito e realizado por Ousmane Sembène, o filme “Borom Sarret”, de 1963, transporta-nos, ao longo de cerca de 20 minutos de acção, para um Senegal pós-colonial.

A obra é exibida hoje, 18, às 18h30, no auditório 3, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito da iniciativa “Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia 2023-2024”.

Depois da apresentação da curta-metragem, haverá espaço para uma conversa, intitulada “Descolonizar a descolonização”, com a presença do artista e investigador norte-americano Philip Cartelli, e do investigador canadiano Samir Gandesha.

O primeiro tem-se destacado pela pesquisa e prática artística em antropologia da imagem, enquanto o segundo “tem escrito sobre os regimes autoritários contemporâneos”.

Juntos na discussão, ambos vão cruzar reflexões a partir da acção de “Borom Sarret”, filme centrado no quotidiano de um homem que tenta ganhar a vida a conduzir uma carroça em Dakar, e que, nessa jornada, espelha como a queda do regime colonial não significou o fim do colonialismo.

“O seu percurso sublinha a separação da cidade entre os espaços pobres e os condomínios fechados, e as consequências da sua transgressão ao atravessar a fronteira que os divide”, assinala-se na mensagem de divulgação do programa

No mesmo texto, destaca-se como por via “de um minimalismo formal com várias camadas de complexidade”, as cenas revelam a “violência estrutural urbana, estabelecida e consolidada através das relações coloniais de classe e de género que perduram no período pós-independência do Senegal”.

Para ver com entrada livre, embora sujeita à lotação do espaço.