“Descolonizar a descolonização”, a partir do filme de Ousmane Sembène
Texto por Afrolink
Foto de capa: Still do filme “Borom Sarret” (1963), de Ousmane Sembène
Escrito e realizado por Ousmane Sembène, o filme “Borom Sarret”, de 1963, transporta-nos, ao longo de cerca de 20 minutos de acção, para um Senegal pós-colonial.
A obra é exibida hoje, 18, às 18h30, no auditório 3, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito da iniciativa “Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia 2023-2024”.
Depois da apresentação da curta-metragem, haverá espaço para uma conversa, intitulada “Descolonizar a descolonização”, com a presença do artista e investigador norte-americano Philip Cartelli, e do investigador canadiano Samir Gandesha.
O primeiro tem-se destacado pela pesquisa e prática artística em antropologia da imagem, enquanto o segundo “tem escrito sobre os regimes autoritários contemporâneos”.
Juntos na discussão, ambos vão cruzar reflexões a partir da acção de “Borom Sarret”, filme centrado no quotidiano de um homem que tenta ganhar a vida a conduzir uma carroça em Dakar, e que, nessa jornada, espelha como a queda do regime colonial não significou o fim do colonialismo.
“O seu percurso sublinha a separação da cidade entre os espaços pobres e os condomínios fechados, e as consequências da sua transgressão ao atravessar a fronteira que os divide”, assinala-se na mensagem de divulgação do programa
No mesmo texto, destaca-se como por via “de um minimalismo formal com várias camadas de complexidade”, as cenas revelam a “violência estrutural urbana, estabelecida e consolidada através das relações coloniais de classe e de género que perduram no período pós-independência do Senegal”.
Para ver com entrada livre, embora sujeita à lotação do espaço.