Do Mindelo para a Amadora, Telmo encontrou na cor de pele um manifesto

Filho de cabo-verdianos, Telmo da Luz cresceu na cidade do Mindelo, de onde saiu, aos 19 anos, para o Brasil, destino de estudos superiores. A viver em Portugal há 15 anos, o dirigente associativo conta que foi por cá que percebeu que “ser negro é, mais que uma cor de pele, um manifesto diário”, que o obriga a provar que todos os locais que pisa também são seus. A consciência conduziu-o até à Associação Desportiva da Amadora, projecto que “luta para garantir que jovens afrodescendentes possam gozar de todos os seus direitos, plenos de cidadania, e possam andar em todos os espaços, que são à partida vedados para eles, pelo simples motivo de serem do ‘Bairro’ e pela sua tez de pele mais escura”. Hoje recebemo-lo n’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

Nascido em Abril de 1979, Telmo da Luz calcorreou a infância e a adolescência pelas ruas do Mindelo, em Cabo Verde, antes de voar para o Brasil e “concretizar o sonho de ter um curso superior”.

Médico veterinário, o convidado de hoje d’ O Lado Negro da Força (LNF) é também dirigente da Associação Desportiva da Amadora, onde luta “para garantir que jovens afrodescendentes possam gozar de todos os seus direitos, plenos de cidadania e possam andar em todos os espaços, que são à partida vedados para eles, pelo simples motivo de serem do ‘bairro’ e pela sua tez de pele mais escura”.

A intervenção, conta Telmo, surgiu da consciência racial que a mudança para Portugal obrigou a construir.

“É nesse país europeu que constitui família, e que repara pela primeira vez que é negro”, lemos na biografia, partilhada com o LNF. No mesmo texto, o dirigente associativo explica que antes da vivência lusa, “ser negro era apenas uma característica”.

Hoje, com 15 anos de permanência em Portugal, “percebe que ser negro é mais do que uma cor de pele, um manifesto diário, tendo que provar que todos os locais que ele pisa, são também seus por direito”.

A partir da sua experiência, Telmo combate a exclusão que observa quotidianamente.

“Apesar de não ter nascido nem crescido na Amadora, cidade que o adoptou desde 2010, sente-se já um Amadorense de gema, que luta e briga” pela valorização e reconhecimento da diversidade étnica e cultural do seu concelho.

“Ainda vemos, todos os dias, esses cidadãos do mundo a terem os seus direitos de ir e vir manietados por uma cultura racista”, lamenta o veterinário, firme em confrontar práticas que insistem em criar “cidadãos de segunda”.

Saberemos mais a partir das 21h, n’ O Lado Negro da Força. Para ver no Facebook e no YouTube.