Doentes angolanos entregues à própria sorte, numa sentença de morte?

Desde o encerramento da Junta Médica de Angola em Portugal no passado mês de Fevereiro – na sequência de uma auditoria, que terá detectado “vários abusos no uso deste mecanismo” –, cinco cidadãos angolanos morreram por falta de meios para prosseguirem os tratamentos, denuncia a Associação Vozes de Angola na Europa. Numa carta aberta divulgada no início do mês, a organização acusa o Governo angolano de cometer um atentado aos Direitos Humanos, ao abandonar os seus doentes à sua própria sorte. Ou será melhor escrever morte? Um tema em análise mais logo n’ O Lado Negro da Força. Hoje com Paulo Pascoal como convidado.

por Afrolink

Martins Kizela, Domingos Martins Sana, Josué Bartolomeu Bumba, Lúcia Mbeba, Felix S. Lucas…e, questiona a Associação Vozes de Angola na Europa (AVAE), quem será a próxima vítima?

“Depois de cinco mortos em menos de quatro meses, em que os doentes da Junta Médica em Portugal foram abandonados e deixados em condições precárias e vulneráveis pelo Governo Angolano, mais uma vítima está a caminho” de figurar nas estatísticas deste “crime de atentado aos Direitos Humanos”, alerta a organização.

O aviso consta de uma carta aberta divulgada no início deste mês, e dirigida ao Presidente de Angola e a várias entidades internacionais – como a Organização Mundial da Saúde e a Amnistia Internacional.

Na missiva, a  AVAE responsabiliza o Estado angolano pelas perdas humanas de Martins Kizela, Domingos Martins Sana, Josué Bartolomeu Bumba, Lúcia Mbeba, Felix S. Lucas, que associa ao “facto de terem sido cancelados os seus subsídios, acesso a assistência médica e medicamentosa”.

A suspensão desses apoios surgiu no passado mês de Fevereiro, quando a Junta Médica de Angola em Portugal foi encerrada, na sequência de uma auditoria, que terá detectado “vários abusos no uso deste mecanismo”, nomeadamente de doentes falsos. 

“É importante referir que alguns doentes se encontram em situação crítica” 

Mais do que contestarem a decisão de acabar com a Junta, os responsáveis da AVAE questionam a origem desses abusos.

“As várias Auditorias que vieram a Portugal não avaliaram as condições precárias em que os doentes viviam, nem os milhões de Euros gastos pelos Responsáveis do Sector da Saúde [da Embaixada de Angola]”, nota a associação, lamentando que sejam os pacientes a pagar a factura dos excessos dos governantes.

“É importante referir que alguns doentes se encontram em situação crítica, como os doentes renais e oncológicos, doentes de alto risco, alguns com traqueostomia por remover, encontrando-se tais pessoas debilitadas, sem força e com dificuldades de locomoção”.

Neste quadro clínico, a AVAE refere que o fim da Junta e consequente ordem para regresso dos doentes Angola, nunca deveria ter avançado com efeitos imediatos.

Para além disso, os doentes alegam que Angola não tem condições para retomar muitos dos tratamentos que venham a ser interrompidos em Portugal.

A situação, que também tem sido denunciada pela Associação dos Doentes Angolanos em Portugal, vai estar em análise mais logo n’ O Lado Negro da Força. Hoje com Paulo Pascoal como convidado.

 

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