Emissão especial d’ O Lado Negro da Força: “Antirracismo no banco dos réus”

Na próxima quarta-feira, 26, o activista anti-racista Mamadou Ba, reconhecido pela sua luta pelos Direitos Humanos, começa a ser julgado por difamação, publicidade e calúnia, do cadastrado nazi Mário Machado. A decisão do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, de levar o activista a julgamento, evidencia como este é um caso “eminentemente político, em que através dos tribunais se cauciona a narrativa que se tem vindo a instalar de que ‘racismo’ e ‘antirracismo’ são dois polos opostos, duas faces de uma mesma moeda”. Isso mesmo se assinala na Carta Aberta “Antirracismo no banco dos réus”, subscrita por mais de 1.500 pessoas e colectivos, incluindo o Lado Negro da Força, que hoje realiza uma emissão especial sobre este processo. Para acompanhar a partir das 21h. Não nos calamos! E recordamos a importância de chamar os bois pelos nomes.

por Campanha “Chamar os bois pelos nomes”

Um é activista comprometido com os direitos humanos e as lutas fundamentais pela igualdade. O outro promove há décadas o ódio e a violência. Um é uma voz activa no debate público sobre as origens e a realidade da discriminação racial, o outro foi condenado repetidamente pelos tribunais por coacção agravada, posse ilegal de armas, ofensa à integridade física qualificada, discriminação racial, difamação, sequestro e extorsão. Um é negro e orgulha-se das suas origens, o outro acha que africanos são macacos e brinca com um jogo em que a cara do primeiro é o alvo.

Um tem a coragem de chamar pelo nome quem é cúmplice, orquestra, incita ou enquadra um assassinato. O outro – o tal que orquestra, incita, manda e enquadra crimes de ódio há décadas – diz-se difamado. Um está acusado pelo Ministério Público e pelo juiz de instrução por ofender a honra do outro. O outro ri-se com a manifesta deferência judicial perante os seus argumentos.

Um é Mamadou Ba, o outro é Mário Machado.

Somos pessoas que não podem ficar caladas face às iniciativas que tentam transformar o anti-racismo e activistas anti-racistas em inimigos da democracia, sentando no banco dos réus Mamadou Ba. O Estado e as suas instituições não podem ser mobilizados para silenciar a defesa da dignidade e da democracia para premiar a violência e o racismo.

Aqui continuamos, pessoas de proveniências variadas e diferentes gerações que não suportam o racismo nem as suas formas de violência, declaradas ou subtis. Não criámos perfis automáticos. Cada um/a de nós é uma pessoa de carne e osso que não pode ficar calada neste tempo em que o racismo se normaliza no espaço público e a discriminação e violência encontram adeptos e ganham força no silêncio das pessoas decentes.