Entre “Semear o Futuro” e “Uma lésbica socialista”, a acção de Bárbara Góis
por Afrolink
De foco apontado para a chamada “crise migratória” de Ceuta, Bárbara Góis ajusta o ângulo de observação. “O termómetro que marca o quão humano ou humanitário é alguém parece ter um critério racial bem presente”, assinala a activista, alertando para o aparente esquecimento “das várias intersecções” “das várias opressões” que condicionam vidas.
“A foto da voluntária branca a abraçar um homem negro desesperado é contrária ao clima que se tem vivido em Ceuta. Não por parte do homem negro desesperado”, prossegue, explicitando: “O desespero de pais e mães ao verem suas crianças amarradas a garrafas de plástico existe, o que não tem existido é uma postura humanitária por parte da Europa”.
Atenta às múltiplas discriminações que nos rodeiam, Bárbara é uma voz activa contra a sua perpetuação, seja através do colectivo “Semear o Futuro” – onde publicou essa reflexão –, seja por via da dinamização da página “Uma lésbica socialista”, desenvolvida no Instagram.
Entre um e outro projecto, a baiana de nascimento fortalece lutas feministas, anti-fascistas, anti-racistas e anti-LGBTIA+, num percurso que passou pela filiação partidária.
“Comecei por militar no Bloco de Esquerda no secundário”, conta, acrescentando que “sensivelmente no segundo ano da faculdade” aderiu ao Movimento Alternativa Socialista (MAS), no qual permaneceu sete anos. “Saí do MAS em Junho ou Julho de 2019”.
Pelo caminho, estudou Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, cidade que sucedeu a Leiria, onde frequentou o 3.º ciclo do ensino Básico e o Secundário.
Foi contudo em Sines que a hoje trabalhadora de call center iniciou a trajectória escolar em Portugal, para onde se mudou aos 9 anos. “Vim com os meus pais que vieram trabalhar”.
Duas décadas depois, Bárbara é mãe de Iara, uma menina de cinco anos. Amanhã vamos saber mais n’ O Lado Negro da Força.
Para acompanhar, a partir das 21h, via Facebook e no YouTube.

