Hoje é Natal, com o Lado Negro – e Kwanzaa – da Força

O Lado Negro da Força, talk-show online que todas as quintas-feiras projecta vozes historicamente silenciadas, e apresenta histórias sistemicamente invisibilizadas, transmite esta noite, a partir das 21h30, a última emissão de 2020. Um “Especial Natal”, com expressão Kwanzaa.

por Afrolink

Sem o habitual convidado, mas com os cinco anfitriões em directo, o “Especial Natal” do Lado Negro da Força reserva um balanço do melhor e do pior de 2020, bem como um olhar sobre o que 2021 nos reserva.

A ocasião junta José Rui Rosário, Pedro Filipe, Paula Cardoso, Mariama Injai e Danilo Moreira à conversa e serve de pretexto para comemorarmos, neste espaço Afrolink, uma tradição com quase 55 anos.

Referimo-nos à celebração pan-africanista Kwanzaa, criada em 1966, nos EUA, por Maulana Karenga (no centro, na foto de capa), uma das figuras proeminentes do movimento Black Power.

Maulana, professor e regente do departamento de Estudos Africanos na Universidade Estadual da Califórnia, apresenta a festividade como “uma celebração da família, comunidade e cultura”.

O nome Kwanzaa, explica Maulana no seu site oficial, deriva da expressão “matunda ya kwanza”, que significa “primeiros frutos” na língua swahili.

Colher os valores africanos

O professor esclarece ainda que o A extra da palavra resultou de uma actividade com crianças, orientada para estimular a criatividade infantil a partir de valores africanos. Como havia sete crianças e cada uma tinha de escolher uma letra da palavra Kwanza, surgiu a necessidade de ajustar a grafia.

Mas, mais do que enquadrar a escrita, importa perceber a sua escolha: a expressão que serve de inspiração à festividade celebra a fartura da colheita, quando as árvores estão carregadas de frutos, e toda a natureza se manifesta na sua mais plena abundância.

A par do simbolismo associado ao nome Kwanzaa, ele transporta uma missão colectiva de dar à comunidade negra a oportunidade de também celebrar a sua História.

A festividade foi criada “para reafirmar a visão de comunidade e os valores da cultura africana, e para contribuir para a sua restauração na diáspora africana”, lê-se online.

Tudo isso ao longo de sete dias, de 26 de Dezembro a 1 de Janeiro, a que corresponde igual número de princípios e valores fundamentais (Nguzo Saba). A saber:

Umoja (união) – Representa a importância de nos unirmos como família, comunidade e povo;

Kujichagulia (auto-determinação) – Refere-se à responsabilidade de cada um em relação a próprio futuro, individual e colectivo;

Ujima (trabalho colectivo e responsabilidade) – Advoga o sentido de construção colaborativa, de responsabilidade diária e conjunta sobre as decisões e caminhos da comunidade, com base no entendimento de que os problemas e questões podem ser resolvidos numa perspectiva de grupo;

Ujamaa (economia cooperativa) –  Parte da consciência de que a construção e os ganhos da comunidade através das suas próprias actividades favorecem e estimulam a circulação interna dos recursos que devem ser orientados para a promoção do bem-estar e crescimento conjunto;

Nia (propósito) –  Propõe uma reflexão sobre o objectivo, a finalidade maior do trabalho em grupo, visando construir o sentido de comunidade, reatar laços e expandir a cultura africana;

Kuumba (criatividade) – Desafia novas ideias para criar uma comunidade mais bonita, mais bem-sucedida para as próximas;

Imani (fé) – Recorda a importância de honrar os ancestrais, as tradições e os líderes africanos para celebrar os triunfos do passado sobre as adversidades, e evocar com confiança a intuição.

“Os sete princípios Kwanzaa ensinam-nos de que quando nos unimos para fortalecer as nossas famílias e comunidades, e para honrar as lições do passado, podemos enfrentar o futuro com alegria”, resumiu o antigo Presidente dos EUA, Bill Clinton.

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Para conhecer mais sobre esta celebração, à qual voltaremos em breve, consulte o site oficial.

Acompanhe, a partir das 21h30, no Facebook e no YouTube, o Lado Negro da Força, o talk-show online das noites de quinta-feira. Com José Rui Rosário, Pedro Filipe, Paula Cardoso, Mariama Injai e Danilo Moreira.