Investigação expõe mensagens de ódio em grupos online de polícias e militares

O primeiro consórcio português de jornalismo de investigação, denominado Consórcio – Rede de Jornalistas de Investigação, é lançado hoje, a partir das 18h30, no auditório B1 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O momento será marcado por um debate, e pela apresentação da primeira investigação do consórcio, focada em “mensagens racistas, xenófobas, misóginas e apelos directos à violência em grupos de Facebook de polícias da PSP e militares da GNR”. Para seguir na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público entre 16 e 20 de Novembro.

por Afrolink

Organizados em grupos de Facebook, polícias da PSP e militares da GNR especializam-se na propagação de “mensagens racistas, xenófobas, misóginas e apelos directos à violência”, revela o primeiro trabalho do Consórcio – Rede de Jornalistas de Investigação, projecto que nos é dado a conhecer hoje, 16, em Lisboa.

A sessão de lançamento acontece no auditório B1 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a partir das 18h30, e reserva-nos, para além de um debate, a apresentação dessa investigação, centrada nessas duas forças de segurança.

“Foram identificados quase 600 polícias, dos quais 22 têm ou tiveram cargos na estrutura de sindicatos e que estão, ou estiveram, envolvidos em processos judiciais. Sabemos quem são estes 600 polícias e militares, que posto ocupam e a que esquadra ou quartel pertencem”, antecipa o consórcio, através de um comunicado.

Na mesma mensagem, o projecto partilha um exemplo da violência encontrada: “numa verdadeira orgia verbal, quatro agentes das forças de segurança apelaram à violação colectiva de uma jornalista”.

O trabalho é assinado pelos jornalistas Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena, e será publicado na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público entre 16 e 20 de Novembro.

Esta colaboração marca o ritmo que se pretende fixar entre redacções: colaborativo. 

“Este projecto propõe-se a fortalecer o jornalismo de investigação, rompendo com lógicas de competição, agigantando as histórias ao dar-lhes uma escala que lhes permite resistir às inevitáveis pressões”.

Constituído como uma associação sem fins lucrativos, o Consórcio assume a missão de criar pontes com a academia e associações jornalísticas internacionais, e defende “que o jornalismo é a forma de garantir à comunidade a informação de que precisa para tomar decisões em liberdade”.

O projecto sublinha ainda que “no tempo da informação global, onde todas as peças se cruzam, o jornalismo exige competências vastas que ninguém, sozinho no seu mundo estanque, consegue abarcar”. Por isso, conclui o comunicado de divulgação da iniciativa, “a colaboração entre jornalistas e órgãos de comunicação social prolonga a vida do jornalismo de investigação.

Fazem parte do Consórcio os jornalistas: Pedro Coelho, da SIC; Paulo Pena do Investigate Europe, Filipe Teles e Ricardo Cabral Fernandes, do Setenta e Quatro; Pedro Miguel Santos e Ricardo Esteves Ribeiro, do Fumaça, e os freelancers Cláudia Marques Santos e Tiago Carrasco.

Integram igualmente o projecto o advogado Ricardo Correia Afonso e os professores universitários Carla Baptista, Dora Santos Silva, Marisa Torres da Silva, João Figueira e José Ricardo Carvalheiro.