Jipangue: o coração que bate fora do peito de Kalunga, por um futuro melhor

Nascido em Angola há 26 anos, Emanuel Carlos, ou simplesmente Kalunga, encontrou no trabalho comunitário um caminho para mudar o futuro. A transformação, que movimenta entre a Escócia e Portugal, tem na associação Jipangue o principal veículo de intervenção. Para conhecer amanhã, a partir das 21h, em mais uma emissão d’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

Na primeira pessoa, arrumam-se as apresentações.  “O meu nome é Emanuel Carlos, mas podem tratar-me por Kalunga”, introduz o próximo convidado d’ O Lado Negro da Força. 

Nascido em Angola em 1995, a partir dos cinco anos estabelecido com a família em Portugal, e, já na adolescência, de volta ao país de origem, Kalunga decidiu juntar, na rota da vida adulta, um novo destino: a Escócia. 

A “reviravolta”, conforme descreve, aconteceu em 2018, já depois de uma nova experiência em Portugal. 

“Voltei para ingressar na universidade, e vi que, infelizmente, o país onde cresci não me queria”. 

O sentimento de exclusão, combinado com os convites à mudança vindos de alguns amigos que já viviam fora de Portugal, incentivaram a tal “reviravolta”. 

“Comecei a ser voluntário para uma associação local – a Intercultural Out Scotland –, onde sou professor de dança dos jovens da comunidade”, conta Kalunga, acrescentando que logo no segundo ano na Escócia, fez uma colaboração com a BBC Scotland.

“Amo a dança, o meu espírito é feito de ritmo, a música toca-me com diferentes sabores e eu deixo-me levar”, destaca o angolano, igualmente movido por uma veia transformadora. 

“A realidade do meu povo toca-me no coração, então, sempre foi imperativo para mim que algo tinha de ser feito para que pudéssemos mudar o futuro. Daí nasceu a Jipangue”. 

Com a família, por mais oportunidades 

Fundada em Junho de 2020, juntamente com outros dois estudantes de ascendência angolana e residentes no Reino Unido – nomeadamente Bruno Manuel e Flávia Miguel –, a associação transporta no nome essa herança africana.

A palavra Jipangue, explicam os criadores, é oriunda do Kimbundu, língua tradicional angolana, e significa família, irmandade ou parente.

Fiel à identidade etimológica, a associação assume como destinatários da intervenção a comunidade africana na diáspora, núcleo que, num futuro próximo, pretende alargar à população residente em África. 

“O objectivo da Associação Jipangue é retribuir às comunidades às quais temos tanto orgulho em pertencer. Esta é a nossa maneira de lutar contra este sistema opressivo que se esqueceu de nós, ajudando as nossas comunidades, e certificando que esta juventude terá mais oportunidades do que as gerações prévias”, lê-se numa apresentação feita ao projecto Parceria Afrodescendente.

A missão cumpre-se entre a Escócia e a Serra das Minas, bairro da periferia de Lisboa, onde o hoje líder comunitário cresceu, e onde conheceu o amigo Bruno, outro dos co-fundadores da Jipangue. Mais do que uma associação, o “coração fora do peito” de Kalunga. 

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