Mauro Wah constrói pontes, à prova de qualquer “choque de civilizações”

Natural de Moçambique, de onde veio para Portugal quando tinha quatro anos, Mauro Wah viveu no antigo bairro de barracas das Galinheiras antes de assentar morada no chamado PER 11, uma das zonas habitacionais construídas no âmbito do Programa Especial de Realojamento de Lisboa. Com a mudança, o moçambicano encontrou uma espécie de “choque de civilizações entre as comunidades cigana e negra”, neutralizado através de intervenção comunitária, hoje solidificada na associação PER 11. Uma história para conhecer amanhã, a partir das 21h, em mais uma emissão d’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

Da intersecção de várias realidades, aproximadas por um quotidiano de exclusão social mas distanciadas pelas especificidades étnicas e culturais, construiu-se o PER 11. Mais do que um dos bairros nascidos do Programa Especial de Realojamento de Lisboa, esta é a morada que trouxe um novo rumo à história de Mauro Wah.

Até ao PER 11 residente no antigo bairro de barracas das Galinheiras, o moçambicano encontrou com a mudança o que define como um “choque de civilizações entre a comunidade cigana e a comunidade negra”, tornadas vizinhas da noite para o dia.

Sem elos de ligação prévios, realojados em prédios pouco ou nada favoráveis a criação de novas relações, os moradores do PER 11 pareciam ‘condenados’ a uma realidade de conflitos e afastamento.

“Porque é que tem de ser assim? Nós não somos tão diferentes uns dos outros, sendo brancos, negros ou ciganos. Somos pessoas, no final.”

Desta reflexão, partilhada em declarações à Mensagem de Lisboa, Mauro começou a construir as pontes que faltavam.

Formação cívica e intercultural

O futebol acabou por abrir caminhos de entendimento, hoje consolidados no trabalho da associação PER 11, criada pelo moçambicano.

“Trabalhar conceitos cívicos e da relação de culturas é algo que tem que estar na nossa forma de estar”, reitera Mauro, numa breve apresentação ao Lado Negro da Força, o nosso lugar de fala das noites de quinta-feira, ao qual se junta amanhã, como convidado.

Natural da província moçambicana da Beira, o líder comunitário vive desde os quatro anos em Portugal, onde ficou aos cuidados dos avós paternos, Maria Aurora e Armindo Fone Wah.

“Passaram a ser os meus cuidadores, com grande importância para a minha avó, que serve de base e influência na vida”, conta Mauro, que, a menos de um mês de completar 42 anos, consolida o seu propósito: permanecer activo no bairro, promovendo a diversidade cultural que o habita.

 

Uma intervenção para conhecer melhor amanhã, a partir das 21h, via Facebook e no YouTube.