Mortos e vivos numa dança das florestas com força Nobel e arte GRIOT
Texto por Afrolink
Fotografia por Mónica de Miranda
Quantos passados carregamos em nós? De quantas vidas? E se os pudéssemos confrontar? Estas e outras questões assaltam-nos enquanto lemos a sinopse da peça “Uma Dança das Florestas”, que se estreia no próximo dia 12 de Janeiro no palco do São Luiz, em Lisboa.
Encenada por Zia Soares, e com produção do Teatro GRIOT, a obra parte do célebre texto “A Dance of the Forests”, do escritor nigeriano Wole Soyinka, primeiro africano distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1986).
E tal como a narrativa construída por Soyinka – construída para celebrar a Independência da Nigéria –, a criação que se prepara para subir ao São Luiz percorre linhas de vida e de morte, a partir da interpretação de Ana Valentim, Cláudio Silva, Gio Lourenço, Júlio Mesquita, Matamba Joaquim, Miguel Sermão, Rita Cruz e Vera Cruz.
“O Morto e A Morta, trazidos de volta à vida pelo Deus Aroni, chegam à Reunião das Tribos. Erguem-se das suas campas de terra no meio da floresta e pedem àqueles que passam para “aceitarem o seu caso””, introduz a sinopse de “Uma Dança das Florestas”, que conta com a consultoria de Rogério de Carvalho e música de Xullaji.
Nesse resumo da produção, o Morto e a Morta são descritos como ““dois espíritos dos mortos inquietos” que em vida foram marido e mulher”, e que “trazem consigo as feridas de um outro tempo”.
Ambos “confrontam os seus carrascos num estranho ritual de morte, expiação, desobediência e renascimento”, antecipa a sinopse, antes de apresentar os destinatários dessa confrontação.
São eles: “Rola, uma prostituta que na vida anterior foi Madame Tartaruga; Adenebi, um historiador da corte do Imperador Mata Kharibu, é agora um orador do conselho; Agboreko, foi um adivinho do Imperador Mata Kharibu e nesta vida mantém a mesma actividade; e Demoke, escultor, que outrora foi poeta da corte”.
Numa dança entre o passado e o presente, “todos são em simultâneo o que são e o que foram – os mortos e os vivos também. Como uma metáfora botânica devoradora do sentido do mundo, quanto mais se avança na acção mais se recua no tempo”.
Mais informações e ficha técnica de “Uma Dança das Florestas”
Datas e horários de apresentação
De quarta-feira a sábado às 20h
Domingo às 17h30

