Na assinatura de Petra.Preta, há arte que mapeia processos de cura
por Afrolink
Artisticamente rebaptizada Petra.Petra, Sara Fonseca da Graça apresenta-se como uma artista transdisciplinar, cujo trabalho “cruza elementos biográficos com ficção e mito, de forma a questionar sobre problemáticas identitárias, sociais e mapear processos de cura”.
Nascida em Almada em 1992, é licenciada em Teatro-Actores pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e co-fundadora do colectivo Medalha d’Ouro.
Iniciou o percurso a solo em Cabo Verde, onde tem raízes familiares, e, do seu lugar de fala, constrói uma obra “composta por desenhos, pinturas e textos que dão origem a livros, que viram instalações que se transformam em performances”.
A descrição, retirada da sua biografia, “o cruzamento disciplinar serve como reflexo das interseccionalidades que atravessam a sua experiência, e como veículo para transformar linguagens e criar imaginários seguros e potencializadores para corpes negres”.

O Afrolink foi ao encontro das suas criações aquando da inauguração da sua exposição “Tabanka, da protecção à cura”, apresentada em 2021.
Na altura, revisitámos a sua presença no evento “Conversas Cruzadas”, realizado no Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, na cidade cabo-verdiana do Mindelo, onde partilhou um auto-retrato.
“Sou uma coisa, cheia de outras coisas lá dentro. É difícil dizer o que sou. Observo o Mundo onde vivo, procuro conhecer a história, compreender o presente e pensar, investir sentido naquilo que produzo”.
Na mesma ocasião, Sara revelava alguma das coisas que a vão ocupando, no preenchimento daquilo que é.
“Não sou profissional de nada, não quero ser. Já fiz/faço teatro, graffiti, pintura, instalação, serviço de mesa, aulas de expressão dramática, agricultura e hei-de acrescentar muitas outras coisas a esta lista. (…) Agora ando a pensar sobre identidade, a sociedade, relações de poder, a arte e tudo o que anda pelo meio. Amanhã, não sei”.
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