Na assinatura de ROD, encontramos arte contra apagamentos históricos

Rodrigo Ribeiro Saturnino, aka ROD, foi um dos primeiros perfis apresentados no Afrolink, com o título “Na metamorfose viajante de Rodrigo, a arte é uma forma de cura decolonial”. Quase três anos depois, regressamos hoje à sua história, na emissão semanal d’ O Lado Negro da Força. Até lá, deixamos aqui algumas das suas notas biográficas, construídas entre a Sociologia Digital, as Artes Visuais e o Activismo Gráfico, sem esquecer a investigação académica que desenvolve sobre o racismo algorítmico. A partir das 21h, há mais para conhecer!

por Afrolink

Inscrita numa faixa rosa, em letras à prova de invisibilizações, a frase “Não foi descobrimento, foi matança”, assinada por ROD, apresenta-nos um dos traços mais marcantes do seu percurso artístico: a crítica decolonial.

Sociólogo digital, artista visual e activista gráfico, Rodrigo Ribeiro Saturnino, aka ROD, nasceu no estado brasileiro de Minas Gerais, e vive em Portugal há mais de 15 anos.

A mudança, contou em entrevista ao Afrolink, veio acompanhada de muitos choques. “Cheguei aqui e senti que eu tinha me transformado noutra pessoa”, disse o investigador, acrescentando que, a determinada altura, já nem se reconhecia.

“Tinha perdido aquela pessoa super celebrativa da minha sexualidade que eu estava vivendo no Brasil”.

Na busca pela restituição identitária, as artes ganharam expressão, conforme demonstram as últimas actualizações no seu currículo.

Além de somar publicações em revistas académicas e de divulgação científica, de âmbito nacional e internacional, e de desenvolver uma pesquisa sobre as plataformas digitais da Internet e o racismo algorítmico, ROD tem participado em várias exposições colectivas e individuais.

As mais recentes, em 2022, permitiram-nos ver o seu trabalho no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, e nas Galerias Municipais. No ano anterior, as suas obras estiveram na Casa do Capitão, numa mostra com Gisela Casimiro; no Espaço Damas, com o apoio da Dgartes; no Festival Bairro em Festa do Largo Residências, e também na Galeria Not a Museum.

Já em 2020, ROD marcou presença na Feira Gráfica de Lisboa, participação que deu muito que contestar.

Junta-se ainda ao seu portfolio criativo, a ligação a festivais e projectos. São disso exemplos o “Festival Walk Talk Açores 2020”; o projecto “Comunidade enquanto Imunidade”, da Revista Contemporânea; o “Primeiro Rascunho”, do Teatro do Bairro Alto; e o “Campo de Treino”, com curadoria do SOS Racismo, Jota Mombaça e Filipa César.

A assinatura artística de ROD encontra-se ainda no cenário do espetáculo “Casa com árvores dentro”, inserido no Projeto Pê – Prefixo de Desumanização, da Companhia de Actores.

Doutorado em Sociologia pelo ICS-ULisboa e Pós-Doutorado no CECS – UMinho, o investigador também fez mentoria no Laboratório de Activismo Gráfico do Queer Art Lab.

A sua biografia destaca ainda a sua participação no projecto “Des/Codificar Belém”, desenvolvido pelo Colectivo Faca.

Membro co-fundador da UNA – União Negra das Artes, o seu trabalho pode ser seguido no Instagram @_rod_ada

Com força medicinal: “Estou usando todo esse passado [colonial ], todas as opressões, para expressar minha criatividade. Eu uso as questões que confrontaram a minha identidade, produzindo algum tipo de arte, para me ajudar a curar”.

A prescrição criativa segue a partir das 21h.

Para ver em directo, no Facebook e no YouTube.