O 25 de Abril começou em África – vamos saber o que custou a liberdade?

Onde acaba a História de Portugal e começa a História dos territórios colonizados? Quanto sangue foi preciso derramar em África para se marchar a liberdade em Portugal? No 48.º aniversário da chamada Revolução dos Cravos, celebramos com uma certeza: “O 25 de Abril começou em África”.

por Afrolink

“Foi a partir das guerras anticoloniais desencadeadas na Guiné, em Angola e em Moçambique que se forjaram os oficiais que se reuniram em torno do Movimento das Forças Armadas, a força por detrás do golpe militar que derrubaria o salazarismo”, escreve o historiador José Augusto Pereira, no artigo “A revolução em África: Luta Armada e Mobilização Política na Guiné 1963-1974”. 

O texto, integrado no livro “O 25 de Abril começou em África”, lançado em 2020, revisita as lutas que determinaram a libertação guineense, indissociável da revolução portuguesa. 

“O 25 de Abril de 1974 confirmaria a afirmação de Amílcar Cabral segundo a qual ‘a liquidação do colonialismo português arrastará a destruição do fascismo em Portugal’”, assinala José Pereira. 

A perspectiva do historiador, foi apresentada também num podcast da Brigada Estudantil, emitido no ano passado. 

Nessa ocasião, o colectivo lembrou que “nos livros de História é contada a história de um 25 de Abril que começa em Portugal, e que se dá de forma pacífica”, narrativa que “traduz a negação de um passado colonial e o silenciamento de povos africanos”. 

Com esta consciência, o movimento lanço um repto que subscrevemos: “É preciso que sejamos capazes de compreender e aceitar, no meio académico, a dimensão anti-colonial do 25 de Abril, como forma de descolonizar o ensino e a nossa memória colectiva”. Porque “foi graças à luta incansável dos povos colonizados que foi levada a cabo a Revolução dos Cravos”.