O grito das ruas ecoa na fotografia de Gisela Casimiro, em exposição

Autora, artista e activista, Gisela Casimiro inaugura amanhã, 11, às 18h, na Appleton, em Lisboa, a exposição de fotografia “In this new picture your smile has been to war”, “que reúne anos de gestos e palavras de luta nas ruas”. A mostra vai buscar o título a um verso de Audre Lorde, e apresenta registos analógicos e digitais, a cores e a preto e branco, não apenas de manifestações e activistas, mas também de “cartazes, muros, paredes e outros meios de acção cívica”. As imagens captam reivindicações de Norte a Sul do país – do combate ao racismo aos feminismos, passando pelo direito à habitação – e “reflectem não só o que não pode ser calado, como o que é gritado cada vez mais alto por aqueles cuja voz o sistema tenta ainda silenciar”. Para visitar até 4 de Maio.

por Afrolink

Gisela Casimiro assinou, no ano passado, a tradução da primeira publicação em Portugal de “Sister Outsider”, a obra canónica de Audre Lorde, que reúne textos produzidos ao longo de quase uma década. Agora, a poesia da autora, professora e activista feminista americana ganha tradução no trabalho fotográfico de Gisela, que inaugura amanhã, às 18h, na Appleton, em Lisboa, a exposição “In this new picture your smile has been to war”. Em tradução literal: “Nesta nova fotografia, o teu sorriso esteve na guerra”.

O título é extraído do poema “For Assata” (“Para Assata”), e corresponde ao seu primeiro verso, publicado na obra “Black Unicorn” (“Unicórnio Negro”), de 1978.

Na composição fotográfica de Gisela Casimiro, a proposta agrega “anos de gestos e palavras de luta nas ruas”, reunindo registos analógicos e digitais, a cores e a preto e branco, não apenas de manifestações e activistas, mas também de “cartazes, muros, paredes e outros meios de acção cívica”.

As imagens captam reivindicações de Norte a Sul do país – do combate ao racismo aos feminismos, passando pelo direito à habitação – e “reflectem não só o que não pode ser calado, como o que é gritado cada vez mais alto por aqueles cuja voz o sistema tenta ainda silenciar”.

Assinalando que “é da observação do cotidiano que parte muito da produção” da autora, artista e activista, Rodrigo Ribeiro Saturnino (ROD), investigador, artista visual e co-fundador do colectivo Afrontosas, destaca, no texto criado para a folha de sala como o trabalho de Gisela “segue uma metodologia arqueológica baseada numa sensibilidade estética e cívica sobre o mundo que a rodeia. (…)”. 

Nas palavras de ROD, “a artista traz para a galeria a arte do arquivo como elemento fundamental para a produção de discursos autônomos que deem conta das ausências causadas pela sub-representação documental do trabalho de artistas negros na construção de seus próprios inventários.” 

Para visitar até 4 de Maio.

Morada: Appleton | R. Acácio de Paiva 27, 1700-004 Lisboa (zona de Alvalade)