O livro que manifesta a Crioulização, e dá a construir a casa da humanidade

A Fundação José Saramago realiza, na próxima quarta-feira, 24, às 18h30, mais uma sessão do Ciclo “Palavras contra o Racismo”, desta vez com a presença do escritor Mário Lúcio Sousa, que vai apresentar o seu mais recente livro, intitulado “Manifesto a Crioulização”. A obra, antecipa o também músico, defende que “somos todos crioulos, porque na verdade, antropologicamente, está provado que temos raízes múltiplas desde há milhares de anos”.

por Afrolink

O Ciclo “Palavras contra o Racismo”, da Fundação José Saramago, apresenta, na próxima quarta-feira, 24, às 18h30, o livro “Manifesto a Crioulização”, de Mário Lúcio Sousa.

A sessão, com entrada livre, embora sujeita à lotação do espaço, contará com a presença do autor, que é o escritor de Cabo Verde mais premiado internacionalmente.

Nesta sua 13.ª obra, Mário Lúcio Sousa vem dizer que “somos todos crioulos, porque na verdade, antropologicamente, está provado que temos raízes múltiplas desde há milhares de anos”.

A afirmação foi proferida à agência Lusa na última edição do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, onde o autor deu a conhecer as linhas mestras de “Manifesto a Crioulização”.

Segundo o antigo ministro da Cultura e das Artes de Cabo Verde existem “várias línguas crioulas” , sendo que a expressão “crioulo” “une uma grande quantidade de culturas”.

Quer dizer que a crioulização surge como “um velho exemplo da história das relações humanas, em termos do seu processo de afirmação e de identidade de indivíduo e do grupo”.

Mais do que reflectir sobre o conceito de “crioulização”, o manifesto, prefaciado por Gilberto Gil, defende a evolução para um estádio em que “se encare o planeta como casa da humanidade”.

De que forma?

As “Palavras contra o Racismo” prometem revelar.

 

Até lá, ficamos com um excerto de “Manifesto a Crioulização”.

 

“Manifesto o que há em mim. E faço-o, recolhendo o pó de várias galáxias, fazendo eco do que ouvi, semeando interrogações e expondo duvidas, sempre na poética de partilhar para multiplicar. (…) O Crioulo, embora se chame assim de Macau às ilhas Seychelles, não é uma língua única. Existem vários crioulos, melhor dito, várias línguas crioulas: as de base lexical portuguesa, faladas em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, em São Tomé e Príncipe, no Curaçau, na Guiné Equatorial, em Macau, em Timor, na Colômbia, em Malaca e, seus resquícios, em várias outras regiões do mundo; as de base lexical inglesa, as de base lexical francesa, ou as a de base holandesa, para recordar alguns exemplos. Para além da língua, a expressão Crioulo ainda une uma grande quantidade de culturas. Por isso, adverte-se, Crioulo não é uma raça, aliás, como inexiste a própria Raça. A Crioulização é, assim, um belo exemplo da história das relações humanas, em termos de seu processo de afirmação e de identidade do indivíduo e do grupo.”

Mais informações sobre a próxima sessão de “Palavras contra o Racismo aqui