O mapa de Lisboa que rompe fronteiras coloniais, e se abre a novas memórias
Texto por Afrolink
Separadas por cerca de 2.200 quilómetros, Lisboa e Hamburgo aproximam-se pela herança histórica: ambas são cidades portuárias que funcionaram como centros do colonialismo europeu.
O passado comum reencontra-se no projecto “ReMapping Memories Lisboa – Hamburg: Lugares de Memória (Pós)Coloniais”, promovido pelo Goethe-Institut Portugal.
A partir do reconhecimento de que “muitas cidades europeias estão repletas de vestígios da era colonial”, o Goethe assinala que a discussão sobre “o que fazer com esta herança, e como devemos criar as cidades do futuro atravessa toda a Europa”.
Com o “remapeamento” das memórias de Lisboa e Hamburgo, a iniciativa procura “evidenciar como as relações de poder de matriz colonial perduram até hoje, e encontrar modos de inscrever outras histórias nos debates sobre as disputas de memória e estratégias de descolonialização das cidades europeias”.
Nessa proposta de “pensar a relação da cidade com a colonialidade: o modo como o colonialismo e a resistência anticolonial são transmitidos na memória colectiva, nos vestígios materiais e no espaço público”, reside a identidade do “ReMapping Memories Lisboa – Hamburg: Lugares de Memória (Pós)Coloniais”.
O projecto contempla o desenvolvimento de uma página com mapas digitais de Hamburgo e Lisboa, onde irão ser “publicados diversos lugares de memória (pós)coloniais, mais ou menos evidentes, com abordagens que os contextualizam, analisam e acrescentam contranarrativas ao processo de memorialização do espaço urbano”.
Os novos mapeamentos estão em foco num ciclo de três debates online, a encerrar hoje, às 18h, com a discussão sobre “Estratégias para descolonizar a cidade”.
O tema, entregue à moderação de António Sousa Ribeiro, vai reunir os contributos de três especialistas: Miguel Vale de Almeida, Maria Paula Meneses e Noa K. Ha.
Vale de Almeida vai questionar “Como abanar estátuas? Os debates sobre Descolonizar a cidade”; Maria Paula reflectir sobre “Lisboa: histórias ocultas e linhas contínuas”, e, finalmente, K. Há vai se debruçar sobre “O desafio da memória pós-colonial. Legados de colonialidade na cidade”.
Antes deste terceiro e último debate, a discussão incidiu sobre os “As marcas coloniais na cidade e no corpo”, e “Inscrição de uma AfroLisboa”, discussões que nos trouxeram reflexões sobre:
- “Percursos históricos dos Africanos em Lisboa (séculos XV-XX)”, por Isabel Castro Henriques
- “A geografia racial estrutura a relação entre estar na cidade e ser da cidade”, por Mamadou Ba
- “A forma (pós)colonial da Metrópole”, por António Brito Guterres
- “Artista mo(nu)mento”, por Nádia Yracema
- “A importância de criar um Museu da Kizomba” por Kalaf Epalanga
- “Como construir comunidade nos subúrbios de Lisboa”, por José Baessa de Pina (Sinho)
Pode rever os debates a partir do Facebook do Goethe, e seguir o próximo e último debate em directo aqui.