O racismo que nos cerca, num abrir e fechar de fronteiras europeias

Enquanto se assiste – e bem – a uma pronta e robusta mobilização de meios por parte da União Europeia para acolher os refugiados que estão a fugir ao conflito na Ucrânia, continuamos a testemunhar – sem condenação visível nem audível – violentas cargas policiais contra refugiados africanos que tentam aceder ao espaço europeu. Acontece há demasiados anos em Melilla, enclave espanhol no Norte de Marrocos, e voltou a repetir-se nos últimos dias. Perante esta política de dois pesos e duas medidas, a questão impõe-se: a Europa tem vivido uma crise de refugiados, ou uma crise racista? A discussão prossegue na segunda parte do Lado Negro da Força.

por Afrolink

A política de acolhimento que foi prontamente accionada pelas autoridades europeias para responder à guerra na Ucrânia, abrindo as suas fronteiras e disponibilizando meios para receber os seus refugiados contrasta com a política securitária que repele, desde sempre e com extrema violência, a presença de refugiados africanos em território europeu.

A lógica de dois pesos e duas medidas é indesmentível perante as imagens de violência que nos chegam de Melilla, enclave espanhol no Norte de Marrocos.

Aqui, sem merecer ondas de comoção colectiva, os corpos que não ostentam pele clara nem olhos azuis, são recebidos pelas autoridades policiais com agressões.

“Enquanto acontece a guerra na Ucrânia, os migrantes dentro das nossas próprias fronteiras estão a ser punidos com extrema brutalidade”, alertou a especialista em refugiados e migração da Amnistia Internacional de Espanha, Virginia Álvarez.

Tal como a Amnistia, outras organizações de defesa dos Direitos Humanos questionam a opção europeia de blindar as suas fronteiras à entrada de refugiados africanos, mas de as escancarar para receber refugiados ucranianos.

“É esta a imagem que queremos projetar? É assim que vamos receber pessoas que também podem estar a fugir de possíveis conflitos e perseguições?”, questionou Virginia Álvarez, no rescaldo de mais um episódio de violência policial visando corpos negros.

A discussão prossegue na segunda parte d’ O Lado Negro da Força.

Para seguir a partir das 21h, em directo no Facebook e no YouTube.