O renascimento de Debbie Kamakosa está na moda, com estilo e propósito

A vontade de ser manequim guiou os passos de Debbie Kamakosa desde cedo, valendo-lhe, aos 16 anos, a faixa de “Miss Simpatia”, num concurso de beleza na cidade aveirense de São João da Madeira. Apesar da conquista precoce, a angolana precisou de chegar aos 51 anos para viver o sonho de uma carreira no mundo da moda, por onde desfila não apenas como modelo, mas também enquanto criadora da marca de roupa Kamakosa51. Uma história que também celebra o destino de outras mulheres, e que vamos conhecer hoje, a partir das 21h, n’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

No filme da vida de Debbie Kamakosa, a força, a superação e o empreendedorismo são personagens principais. Natural da cidade de Waku Kungo, na província angolana do Kwanza Sul, Debbie enfrentou desde cedo as provações de um conflito armado.

“A guerra veio trazer o pânico, o choro, a dor e o caos à vida das pessoas”, recorda, numa viagem pelas memórias da infância em Angola.

Já em Portugal, destino de refúgio familiar, a empreendedora sentiu na pele o peso de ser a única negra da escola, numa pequena aldeia (Couto Cucujães) do distrito de Aveiro.

Os desafios não subtraíram, contudo, a capacidade de sonhar, a partir de determinada altura orientada para uma carreira no mundo da moda.

Foi assim que, aos 16 anos, o desejo de se tornar modelo começou a ganhar forma: entre 60 candidatas num concurso de beleza na cidade aveirense de São João da Madeira arrebatou a faixa de “Miss Simpatia”. 

Passaram outros 35 anos, a Suíça passou a estar no seu mapa de residência, e, finalmente, o sonho aconteceu.  Aos 51 anos, Debbie foi a única seleccionada, entre candidatas dos 18 aos 25 anos, para ser fotografada para uma galeria de arte.

Agora está a caminho dos 53 anos, e trabalha não apenas como modelo, mas também enquanto criadora da marca de roupa Kamakosa51, inspirada nas primeiras memórias de vida, ainda despidas de tons de guerra.

“Recordações que se baseiam em momentos em que brincava descalça com outras crianças da aldeia à chuva”, e lembranças povoadas “das cubatas onde morou com os avós maternos, que marcaram a sua infância com amor e indescritível felicidade e liberdade”.

Kamakosa51 é um tributo ao seu avô, conta a empreendedora, que já trabalhou como figurante em vários filmes, fez publicidade para uma das maiores cadeias de supermercado da Suíça, e, no mesmo país, foi capa de publicações, e participou em sessões fotográficas de revistas.

Ao mesmo tempo, viu fotos suas integrarem, em Outubro de 2021, a exposição do  Carrousel du Louvre em Paris, realizada com a curadora de Cristina Bernardini, da Associação Atlas Violeta.

No mês seguinte, o seu trabalho marcou presença no Dubai, e, já em 2022, apresentou um projecto fotográfico que consiste em produzir um calendário com mulheres na faixa dos 50 anos.

“Independentemente da idade ou forma do corpo”, Debbie destaca como todas “mostram a sua imensa beleza de dentro para fora”.

Com este trabalho, a modelo reforça o propósito de ser um “incentivo para todas as mulheres e quiçá, para os homens, mostrando que todos os sonhos são possíveis”.

Uma realidade para conhecer mais logo, n’ O Lado Negro da Força.

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