“O Tal Podcast” está no ar, e veio com muito amor…Sintam!

O desafio surgiu há vários meses, entre videochamadas com a minha amiga Georgina Angélica: que tal criarmos um podcast para falar sobre amor, emoções e relações…humanizando as nossas vivências, demasiadas vezes encerradas em jornadas de resistência pela sobrevivência? Da ideia para a concretização, o resultado pode ouvir-se n’ “O Tal Podcast”, no ar desde a passada quinta-feira, 23, e que, semanalmente, vai apresentar uma pessoa convidada. Podem ler, por aqui, um pouco mais sobre este projecto, produzido pela Big Lisbon, que nasce a partir da minha história com a Georgina.

por Paula Cardoso

Faço questão de partilhar as minhas experiências terapêuticas. Das mais convencionais às mais “fora da caixa”, todas foram e são fundamentais para viver a minha humanidade. E aqui importa colocar ênfase na humanidade. A consciência de que o direito a ser humana – e, por definição, a errar – me foi negado à partida por ser uma pessoa negra, forçando-me a construir a minha sobrevivência apenas e só pela excelência, convocou-me a agir. A partir da terapia, comecei a sentir – em vez de reprimir –, as feridas que a violência racial me foi causando.

Sem querer romantizar processos de vida profundamente desafiadores – até porque sei que parece impossível encontrar a abertura e o espaço para falar e sentir quando não temos o básico dos básicos para subsistir–, entendo que a defesa da nossa humanidade pede esse lugar de reparação emocional.

Apercebi-me disso entre consultas, tão profundamente reveladoras do impacto destrutivo de não reconhecer dores e traumas, como da força libertadora que surge a partir da decisão de os confrontar.

“Nunca tinha falado sobre isto. Sinto-me mais leve”.  A confidência poderia ser minha, mas pertence a uma das primeiras entrevistadas que tive o privilégio de receber no Afrolink, determinante para não me fazer esquecer o poder das palavras que trocamos.

Até onde conseguimos crescer, a partir das conversas que temos? Juntei-me à minha amiga Georgina Angélica com esta interrogação, e uma certeza inabalável: precisamos de quebrar padrões emocionais e relacionais nas nossas comunidades, valorizando – e priorizando – o cuidado com a saúde mental, e as expressões e demonstrações de amor.

N’ O Tal Podcast encontramos um caminho para o fazer.  “Onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização”. A da nossa amizade ainda vai no adro, mas já está no ar. Escutem! Aproveitem também para ler, já a seguir, um pouco sobre o encontro que nos juntou.

Foi reconhecimento à primeira troca de palavras. Por mensagem privada, enviada para a página Facebook da Força Africana, a Georgina contava-me como este meu projecto – o primogénito nesta vida pós-exclusivamente jornalística –, abria novas possibilidades na área da educação, sobretudo para as crianças negras.

Confiante no poder transformador dos cinco personagens que criei, a Georgina quis saber mais sobre esta aventura, na altura em busca de meios para ganhar vida física.

Combinámos um café no Seixal – terra que tem o melhor Centro de Formação e Treino do universo –, e o reconhecimento inicial deu lugar a múltiplos entendimentos.

Mais de quatro anos depois desse primeiro encontro, partilhamos parcerias profissionais e, acima de tudo, um profundo vínculo de amizade, enraizado em incontáveis abraços e conversas. Todas pontuadas por importantes tomadas de consciência, e a certeza de que precisamos de quebrar padrões emocionais e relacionais nas nossas comunidades, valorizando – e priorizando – o cuidado com a saúde mental, e as expressões e demonstrações de amor.

Unidas neste propósito, decidimos abrir a nossa casa de afectos a mais e mais afectos: os vossos. Escolhemos fazê-lo por aqui: n’ O Tal Podcast, e convidamos todas as pessoas a acederem ao nosso site, a partir do qual podem subscrever a nossa newsletter. Sintam!