O treino intensivo que combate todas as formas de opressão e discriminação

Durante cinco dias, 12 pessoas vão descobrir o que podem fazer juntas “contra todos os tipos de discriminação e opressão de pessoas LGBTQIA+, com diversidade funcional e outras vítimas da violência heteropatriarcal branca”. A iniciativa resulta de uma aliança envolvendo as associações SOS Racismo e Casa T, bem como um naipe de artistas e activistas. O acesso é gratuito, mas com participação limitada às vagas, abertas para inscrições até 30 de Setembro. Veja aqui como ingressar no “Campo de treino: o que fazer junto?”.

por Afrolink

Em busca de “respostas a perguntas difíceis, não só para as comunidades afectadas pela violência e discriminação, mas para a sociedade no geral”, o “Campo de treino: o que fazer junto?” oferece cinco dias intensivos de actividades.

A iniciativa concretiza-se de 18 a 22 de Outubro, “através da leitura, escuta, performance, exercícios, métodos de reparação, auto-investigação e análise militante colectiva”, antecipa a mensagem de divulgação enviada para o Afrolink, na qual se descreve também o processo criativo por detrás desta programação.

“A SOS Racismo aliou-se a um grupo de activistas, pessoas da produção cultural e artistas para propor um projecto colaborativo e horizontal de auto-formação anti-colonial, anti-racista e contra todos os tipos de discriminação e opressão de pessoas LGBTQIA+, com diversidade funcional e outras vítimas da violência heteropatriarcal branca”.

O plano de acção, de acesso gratuito mas limitado a 12 participantes, pretende “reflectir sobre o papel que cúmplices e aliades branques/cis/hetero (etc.) podem ter no combate à discriminação e à violência”, antecipam igualmente os promotores.

Inspirado em “modelos de ‘campos de treino’ políticos, do passado e do presente, como espaços de auto-formação militante e de reflexão colectiva”, o programa antecipa a análise de “estudos de caso em torno de situações de violência, com o objectivo de imaginar possíveis estratégias para contornar ou combater essa mesma violência”.

Reflectir para melhor resistir

O exercício, a desenvolver em grupo, promete facilitar aquela busca de “respostas a perguntas difíceis”, formuladas para produzir mudança na luta activa contra todas as formas de opressão.

Por exemplo: “Como reconhecer os nossos pontos-cegos e como combater a ignorância perante as formas sistémicas de reprodução da violência? Como estabelecer e inventar relações de aliança, solidariedade e cumplicidade que propiciem a transformação efectiva das situações sociais em que estamos implicades? Como fazer do cuidado um método central na luta política e nos movimentos de resistência?”.

O resultado dessas e de outras reflexões facilitadas durante os cinco dias de campo de treino deverá dar origem a uma publicação, com coordenação da escritora, artista e activista Gisela Casimiro.

“Serão igualmente produzidos conteúdos para campanhas de sensibilização, coordenadas pela SOS Racismo e pela Casa T, com vista a informar e alertar a comunidade para estas questões fulcrais”, avançam os promotores.

Além das associações SOS Racismo e Casa T, e da escritora Gisela Casimiro, a equipa do projecto reúne o activista Mamadou Ba, a cineasta e artista Filipa César, Jota Mombaça, que também é artista, José Lino Neves, dirigente na associação Batoto Yetu, Rodrigo Ribeiro Saturnino, pesquisador da Universidade do Minho e artista, e a plataforma de produção de cinema Stenar Projects, que dá especial enfoque a temáticas queer e decoloniais.

Inscreva-se no “Campo de treino: o que fazer junto?” 

Nota da organização: Os encontros terão lugar num espaço seguro, nos vários sentidos do termo, isto é, um espaço que assegure o devido distanciamento e circulação do ar, disponibilização de máscaras e gel desinfectante; mas também um espaço com privacidade, onde poderemos exprimir livremente e de maneira responsável diferentes subjectividades.