Odivelas celebra a igualdade, com uma semana de programação multicultural

Até ao próximo sábado, 24, data em celebra o Dia Municipal para a Igualdade, Odivelas promove, diariamente, actividades que dão a conhecer a diversidade cultural presente no concelho. A programação, exclusivamente online, permite-nos criar pontes para outros idiomas – como a língua punjabi, da Índia –, aprender dança cigana, acompanhar a apresentação do livro de estreia da Força Africana, e também ouvir testemunhos sobre como é viver na diferença. Tudo com a apresentação de Cláudia Semedo.

por Afrolink

O que é viver em igualdade? “Ao reflectir um bocado sobre isso, apercebi-me de que não sei, porque vivo num país em que ainda são cometidos crimes de ódio, onde a pobreza ainda existe para muitos, onde as mulheres pela mesma tarefa ainda ganham menos 16% do que os homens, e onde têm mais dificuldade de chegar a cargos de liderança. Por isso, não sei o que é viver em igualdade”.

A reflexão chega-nos pela voz da actriz e apresentadora Cláudia Semedo, a propósito do Dia Municipal para a Igualdade, que o concelho de Odivelas celebra no próximo sábado, 24.

A data, que entrou no calendário da cidade há 10 anos, reserva-nos uma semana de actividades, planeadas com o propósito de nos dar a conhecer a riqueza cultural presente no município.

Mandarim, punjabi, dança cigana e Força Africana

O programa, exclusivamente online, arrancou no último sábado, 17, com a apresentação da iniciativa, que, até dia 24, nos vai despertar para alguns idiomas que, a par do português, se falam em Odivelas.

São os casos do crioulo de Cabo Verde, do punjabi da Índia, e do mandarim da China. Além das pontes linguísticas, o município oferece-nos uma aula de dança cigana, vários testemunhos sobre a vivência na diferença, e uma apresentação do livro de estreia da série Força Africana.

A iniciativa pode ser acompanhada no site e redes sociais da Câmara Municipal de OdivelasFacebook e Instagram –, com a condução de Cláudia Semedo.

Todos os dias, a apresentadora guia-nos pela programação.

Mais do que nos pôr a par das actividades, e deixar o seu testemunho sobre as desigualdades que ainda nos fragmentam, a também actriz partilha a sua visão para uma sociedade mais inclusiva.

“Todos temos pensamentos contrários à igualdade” 

“A igualdade não pode ser uma indicação ou uma lei, a igualdade tem de ser um valor, e um valor que é ensinado a todos os indivíduos e às sociedades desde a sua formação”, defende Cláudia.

Para a apresentadora, é fundamental “ensinar as crianças, e fazê-las entender, na prática, na exposição, na integração e lidação com a diferença, que a diferença só traz diversidade, que é uma riqueza cultural, que nos faz pensar de outros pontos de vista, que nos dá novas perspectivas, novas maneiras de fazer”.

Ao mesmo tempo, a actriz sublinha a importância de promovermos uma mudança estrutural, consciencializando os nossos líderes.

“Temos de fazê-los alterar esse sistema que não serve claramente a todos, nem sequer a uma maioria”, nota Cláudia, sublinhando que os valores vigentes “estão ultrapassados” e “são repressores de muitas minorias”.

Lembrando que “todos nós temos pensamentos, por força da nossa educação, por força da nossa cultura, que são contrários à igualdade”, a apresentadora exorta a uma mudança de narrativas.

“Temos de olhar para dentro, para perceber que temos de acreditar na igualdade como um princípio de condução, de lidação com o outro, e entender que o outro seremos sempre nós para alguém, que entre nós e o outro, só mesmo as circunstâncias é que nos separam”.

Acção, para transformar o sonho em realidade

Na sua proposta para uma sociedade melhor, Cláudia realça que, embora tenhamos sido educados para temer o desconhecido e para competir com o outro, “a única competição que devemos conhecer é interna, é connosco próprios, porque só podemos querer melhorar-nos a nós próprios, e com isso melhorar o mundo”.

O caminho, aponta a actriz está ao alcance de todos. “Não custa nada tratar o outro com o respeito que nós reclamamos para nós, com a bondade que gostávamos com que os outros nos tratassem,  e perceber que aquilo que pode parecer uma utopia – que é esta coisa de querermos que o mundo seja um lugar de paz e de igualdade – não tem de ser uma utopia”.

Confiante no poder individual de criação de uma força colectiva, Claúdia Semedo reitera: “Entre o sonho e a realidade só vai mesmo a distância da nossa acção. E sim, somos uma ervilhinha num planeta que é uma ervilhinha no meio do universo e do cosmos, mas um oceano só se forma gota a gota. Portanto ajam, e ajam em conformidade com os vossos princípios”.

Juntos!