Os beats que deram clique fotográfico e mudaram o rumo de Carlos Alvarenga

Desde os 14 anos na pele de MC, Carlos Alvarenga encontrou no rap o caminho para a fotografia, arte que se tornou ofício. Primeiro de forma autodidacta, depois já com produtora própria – K Von D Studios –, o fotógrafo revela, amanhã, n’ O Lado Negro da Força, o álbum dos seus 33 anos de vida.

por Afrolink

A necessidade de produzir vídeos para as próprias músicas aguçou o engenho criativo de Carlos Alvarenga. Sem orçamento para contratar quem pudesse dar vida audiovisual aos seus beats, o MC deitou mãos à obra.

“Andava a ver preços de pessoal que trabalhava na área do vídeo. Na altura, achava que eram absurdos, mas na verdade eu é que não tinha dinheiro suficiente”, conta o hoje fotógrafo, ofício desbravado de forma autodidacta. 

“Decidi comprar a minha máquina com o único intuito de fazer vídeos. Aconteceu que, na curiosidade, comecei a tentar tirar fotografias, e dei por mim a querer aprender mais sobre o assunto”. 

O interesse desenvolveu-se entre pesquisas online, nomeadamente de vídeos sobre fotografia, mas a grande escola foi mesmo a prática. 

“Aprendi muito do que sei de fotografia pegando na máquina e indo para a rua fotografar”.

Primeiro no registo de pequenos eventos de bairro, depois a documentar cerimónias privadas, Carlos começou a ser reconhecido como fotógrafo.

“Chegou a uma altura em que alguém me perguntou se eu costumava fotografar baptizados. Respondi que sim, quando na verdade nunca o tinha feito”.

Arte de intervenção

Da inexperiência para a proficiência, o caminho na fotografia consolida-se na K Von D Studios, a produtora que entretanto criou, sem nunca perder de vista a inspiração de partida: o rap.

Filho de guineenses, nascido em Lisboa há 33 anos, Carlos sempre viveu no concelho de Oeiras, primeiro em bairros de lata e depois em bairros sociais.

Nessa realidade, conta que despertou precocemente para os beats, “muito por influência de TWA, Nigga Poison, Celso OPP e Tupac”, entre outras referências.

 “Desde cedo o meu rap é interventivo, porque cresci no meio de injustiças. Desde cedo que tenho escrito sobre discriminação e política, mesmo numa altura em que não percebia muito sobre o assunto”.

Agora a intervenção faz-se também através da  K Von D Studios, que, além de sessões fotográficas e de cobertura de eventos, oferece serviços de gravação e masterização de áudio e de realização/edição de videoclips.

“Aprendendo sempre e desafiando-me cada vez mais”, antecipa nas notas biográficas partilhadas com o Lado Negro da Força.

Para desenvolver amanhã em directo, a partir das 21h, em directo no Facebook e no YouTube.