“Os bois pelos nomes”: as nossas vozes importam, e estão com Mamadou Ba

Tal como no ano passado unimos vozes com o mote “Mamadou Ba fica” – em resposta a uma petição racista pedindo a sua deportação –, agora é urgente que o voltemos a fazer, participando na campanha online “Chamar os bois pelos nomes”. A iniciativa surge na sequência da decisão do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, de levar o activista a julgamento por difamação, publicidade e calúnia, do cadastrado nazi Mário Machado. O Afrolink apoia esta corrente de solidariedade com Mamadou Ba, e apela à vossa participação. Basta enviarem pequenos testemunhos, por escrito, vídeo ou áudio para o e-mail boispelosnomes@gmail.com, a que deverão juntar uma foto de rosto e a indicação da vossa profissão/ocupação. Nunca é demais recordar que todas a vozes importam na “oposição activa à normalização e perpetuação de práticas racistas”. E, para quem continua a equipar racistas e anti-racistas, nada como ler o texto que se segue, e que enquadra a campanha online “Chamar os bois pelos nomes”. Juntem-se!

por Campanha “Chamar os bois pelos nomes”

Um é activista comprometido com os direitos humanos e as lutas fundamentais pela igualdade. O outro promove há décadas o ódio e a violência. Um é uma voz activa no debate público sobre as origens e a realidade da discriminação racial, o outro foi condenado repetidamente pelos tribunais por coacção agravada, posse ilegal de armas, ofensa à integridade física qualificada, discriminação racial, difamação, sequestro e extorsão. Um é negro e orgulha-se das suas origens, o outro acha que africanos são macacos e brinca com um jogo em que a cara do primeiro é o alvo.

Um tem a coragem de chamar pelo nome quem é cúmplice, orquestra, incita ou enquadra um assassinato. O outro – o tal que orquestra, incita, manda e enquadra crimes de ódio há décadas – diz-se difamado. Um está acusado pelo Ministério Público e pelo juiz de instrução por ofender a honra do outro. O outro ri-se com a manifesta deferência judicial perante os seus argumentos.

Um é Mamadou Ba, o outro é Mário Machado.

Somos pessoas que não podem ficar caladas face às iniciativas que tentam transformar o anti-racismo e activistas anti-racistas em inimigos da democracia, sentando no banco dos réus Mamadou Ba. O Estado e as suas instituições não podem ser mobilizados para silenciar a defesa da dignidade e da democracia para premiar a violência e o racismo.

Aqui continuamos, pessoas de proveniências variadas e diferentes gerações que não suportam o racismo nem as suas formas de violência, declaradas ou subtis. Não criámos perfis automáticos. Cada um/a de nós é uma pessoa de carne e osso que não pode ficar calada neste tempo em que o racismo se normaliza no espaço público e a discriminação e violência encontram adeptos e ganham força no silêncio das pessoas decentes.

 

O Afrolink apoia esta corrente de solidariedade com Mamadou Ba, e apela à vossa participação. Basta enviarem pequenos testemunhos, por escrito, vídeo ou áudio para o e-mail boispelosnomes@gmail.com, a que deverão juntar uma foto de rosto e a indicação da vossa profissão/ocupação. Nunca é demais recordar que todas a vozes importam na “oposição activa à normalização e perpetuação de práticas racistas”.