Passado esclavagista sai “Debaixo do Tapete” para o grande ecrã 

A história familiar de Catarina Demony ajudou a escrever um dos capítulos mais sangrentos da nossa humanidade: o tráfico transatlântico de seres humanos, legado de marca da expansão portuguesa. Confrontada com esse passado durante a adolescência – através da descoberta de que entre os seus antepassados estão dos maiores comerciantes de pessoas escravizadas em Angola entre o século XVIII e XIX -, a jornalista decidiu enfrentá-lo, em vez de ignorá-lo. O resultado sobe ao grande ecrã do Cinema Ideal, em Lisboa, na próxima quarta-feira, 29, às 21h30 sob a forma do documentário “Debaixo do Tapete”. Após a exibição do filme, realizado por Carlos Costa, haverá tempo para uma roda de conversa, moderada pelo jornalista angolano Israel Campos, com a presença de Catarina Demony, que assina a produção executiva, José Lino, da Batoto Yetu Portugal, e Paula Cardoso do Afrolink. A entrada é livre.

por Afrolink

Já ouviu falar dos Matoso de Andrade e Câmara?  Catarina Demony conta que “foram dos maiores comerciantes de pessoas escravizadas em Angola entre o século XVIII e XIX”, História que o ensino em Portugal ajuda a ocultar, e com o qual a jornalista  foi confrontada na adolescência, por força da herança familiar.

O conflito com o “passado escondido”, acabou por ganhar novos tons com a passagem do tempo.

Cada vez mais consciente, Catarina explica que, com o tempo, “começou a aperceber-se da ligação directa entre o envolvimento dos seus antepassados no tráfico transatlântico e o que estava a acontecer ao seu redor: a violência, a segregação, o racismo”.

O reconhecimento do impacto da sua história levou-a a criar o documentário “Debaixo do Tapete”, que sobe ao grande ecrã do Cinema Ideal, em Lisboa, na próxima quarta-feira, 29, às 21h30.

Com realização de Carlos Costa, a produção apresenta uma “história longe de ser única em Portugal: a de uma família que fez dinheiro à custa de seres humanos”.

O legado, assinala-se na mensagem de lançamento do documentário, continua a ter expressão na nossa sociedade.

Afinal, esse dinheiro deu, mesmo que indirectamente, “à Catarina e a tantos outros os privilégios de que hoje usufruem”.

Além de desvendar o passado da família da Catarina Demony, a produção aborda as consequências da Escravatura e da História colonial na sociedade portuguesa dos nossos dias.

O impacto desse legado, presente em “Debaixo do tapete”, também vai ser reflectido fora do grande ecrã, numa roda de conversa moderada pelo jornalista angolano Israel Campos, com a presença de Catarina Demony,  José Lino, da Batoto Yetu Portugal e Paula Cardoso do Afrolink.

A entrada é livre.