Porquê descolonizar? O “espaço sem muros” que se abre à discussão e acção

Recém-inaugurado na Damaia, o Mbongi 67 acolhe amanhã, a partir das 16h, um encontro com o tema “Porquê descolonizar?”. O convite à reflexão, aberto a quem se quiser juntar, vai contar com a participação das historiadoras Aurora Almada Santos e Sónia Vaz Borges. A não perder!

por Afrolink

Fiel ao nome, o espaço Mbongi 67 está de portas abertas para acolher as “preocupações e/ou ideias” de quem quiser contribuir para a construção colectiva de “uma comunidade justa”. O conceito, explica-se na apresentação online, é “aplicado no sistema político das comunidades bantu-congo na África ocidental”, para favorecer a participação de todos e todas “sem barreiras burocráticas e/ou mediação”.

O denominado “espaço sem muros” foi inaugurado no passado fim-de-semana, e realiza amanhã, 29, a partir das 16h, a sua primeira mesa de conversa sobre o tema “Porquê descolonizar?”.

O convite à reflexão, que parte da ideia de que “descolonizar não significa transferir o poder colonizador ou substituí-lo por outro tipo de poder, sem desmontar as teias de relações com base nas quais baseavam o domínio colonial”, vai contar com a participação das historiadoras Aurora Almada Santos e Sónia Vaz Borges.

“Instalar historicamente neste tópico é, desde logo, o primeiro passo para lançarmos um olhar mais crítico sobre o que a descolonização (ainda não totalmente realizada) exige hoje às sociedades contemporâneas”, antecipa o Mbongi 67, na mensagem de divulgação da iniciativa.

No mesmo texto, salienta-se a urgência de avançarmos nessa direcção: “É preciso descolonizar o olhar, a imagem, o corpo, o género, a raça, a classe, o sexo, os artefactos, as ideias, os discursos, as geografias, assim como várias outras taras pendências assumidas por vezes como legados naturalizados”.

Mais do que promover a discussão, o Mbongi 67 – que vai buscar a identidade numérica ao ano de criação da Rádio de Libertação pelo Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) – pretende desafiar novas acções.

“Os gestos, os discursos e as práticas descolonizadoras devem ser encarados e executados como acções permanentes: como formas de operar com actos concretos e radicais com vista a transformar a estrutura das relações de domínio, assim como as ideias e matérias que afectam (neste caso, que colonizam) os vários campos da nossa existência ontológica e material”.

Porque, sublinhe-se, “descolonizar é mais do que um conceito histórico”.

 

Visite o espaço Mbongi 67

Avenida Padre Bartolomeu de Gusmão, n.º 9, Damaia

Aberto aos sábados e domingos, a partir das 14h30