Preto, estás na tua terra – a celebração e a libertação numa mensagem

Entre discursos políticos na Assembleia da República, actividades culturais, como exposições, passeios e concertos, e a tradição popular de marchar Avenida da Liberdade abaixo, uma mensagem sobressaiu no programa de comemorações do 25 de Abril: “Preto estás na tua terra”. As palavras, estampadas numa t-shirt envergada pelo músico Dino d’ Santiago, desfilaram no Palacete de São Bento e depressa se transformaram num manifesto para quem recebe diariamente – e há demasiado tempo – ‘ordens’ racistas de expulsão. Quanto vale essa frase para nós? Trocamos ideias mais logo, n’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

Dino d’ Santiago deu o corpo a mais um manifesto. Depois de nos apresentar o funaná como o novo funk, e de lembrar que os nossos corpos negros também são pátria, o músico subiu ao palco das comemorações do 25 de Abril com uma reforçada mensagem de afirmação positiva da africanidade e negritude: “Preto estás na tua terra”. 

As palavras, estampadas numa t-shirt, desfilaram no Palacete de São Bento e em Grândola, e depressa se transformaram num manifesto para quem recebe diariamente – e há demasiado tempo – ‘ordens’ racistas de expulsão.

Exemplos disso não faltam: ‘coleccionamos’ episódios de reiterada intimidação, discriminação e opressão, inscritos em paredes, gritados em insultos, e até orgulhosamente entoados entre bancadas parlamentares.

O ‘coro’ estruturalmente racista que nos tenta silenciar encontra em Dino, cada vez mais, uma voz de contestação.

Em representação de tantos que, como ele, lidaram e lidam com episódios de discriminação e exclusão, o músico promove resistências e libertação muito além das letras que canta.

Um alinhamento que tem nas palavras de Zeca Afonso, publicadas em 1985, uma fonte de inspiração, recém-partilhada nas redes sociais.

“…o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado!”, dizia Zeca naquela que foi uma das suas últimas entrevistas.

O pensamento, citado a partir do site Viriato Teles, prossegue com reforço do apelo à acção. “Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!”.

Temos! Somos! E estamos em directo todas as quintas-feiras com o Lado Negro da Força.

Siga a conversa partir das 21h, em directo no Facebook e no YouTube.