“Quando Ninguém Podia Ficar” – racismo, habitação e território

O espaço Dentu Zona, na Cova da Moura, recebe, no próximo sábado, 18, às 16h30, a apresentação do livro “Quando Ninguém Podia Ficar – Racismo, habitação e território”, da antropóloga Ana Rita Alves. Além da presença da autora, o evento vai contar com as participações de Flávio Almada, José Semedo Fernandes, Víctor Barros e Willa Mascarenhas.

Texto por Afrolink

Foto de capa de Alejandro Levacov

Em 2013 apresentou a dissertação “Para uma Compreensão da Segregação Residencial: o Plano Especial de Realojamento”, no âmbito do mestrado em “Migrações, Interetnicidades e Transnacionalismo”, concluído na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa onde se licenciou em Antropologia. Agora, Ana Rita Alves “procura compreender como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo”, com a obra  “Quando Ninguém Podia Ficar – Racismo, habitação e território”, editada pela Tigre de Papel.

O livro, antecipa a sinopse, parte de “uma revisão e análise críticas de (con)textos políticos, académicos e mediático”, que podemos conhecer no próximo sábado, 18, a partir das 16h30, numa apresentação no espaço Dentu Zona, na Cova da Moura.

“Nas páginas deste livro encontrar-se-á, de certa forma, o início do fim do Programa Especial de Realojamento (PER), traduzido na dilaceração e na resistência de uma comunidade histórica, à altura maioritariamente negra, na cidade da Amadora: o bairro de Santa Filomena”, prossegue o texto de introdução à obra.

A mesma mensagem assinala que “se é verdade que a história de um lugar particular não possibilita narrar na totalidade um programa de âmbito nacional/metropolitano, com especificidades territoriais indiscutíveis, a história que aqui se reconta não deixa de ser paradigmática de como o Estado português tem pensado e gerido populações negras, Roma/ciganas e imigrantes empobrecidas no espaço urbano –, ilustrando racionalidades eurocêntricas que urge repensar”.

Uma reflexão que, além da presença da autora, contará com as participações de Flávio Almada, José Semedo Fernandes, Víctor Barros e Willa Mascarenhas.

Contra-narrativas

Refira-se ainda que Ana Rita Alves integra a equipa do Projecto “AFRO-PORT – Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas  sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa”, e “é parte do Conselho Consultivo do Projecto “(DE)OTHERING – Desconstruindo o Risco e a Alteridade: guiões hegemónicos e contra-narrativas sobre migrantes/refugiados e “Outros internos” nas paisagens mediáticas em Portugal e na Europa” (2020-2021)”.

Antes disso, entre 2017 e 2019, “foi investigadora colaboradora no Projecto “exPERts – Organizando o conhecimento do planeamento: política de habitação e o papel dos peritos no Programa Especial de Realojamento (PER)”, e investigadora júnior no Projecto “COMBAT – O combate ao racismo em Portugal: uma análise de políticas públicas e legislação antidiscriminação” (2016-2020)”.

A sua biografia destaca igualmente a ligação, enquanto membro-fundadora ao “CHÃO – Atelier de Etnografia Urbana”, estrutura “que, em conjunto com a Associação e os/as moradores/as do Bairro da Jamaika, tem vindo a desenvolver uma cartografia social e aulas de alfabetização de adultos e português língua não materna”.

Ana Rita Alves