Que medidas de reparação para o sector das artes? Questionemos!
Texto por Afrolink
Fotos de Joni Rico
“De que forma podemos tecer novos caminhos para um sector artístico feito pelas comunidades, tendo em conta as suas assimetrias sociais, e as particularidades das suas necessidades? Como podemos inscrever risco, desejo, colapso e opacidade como parte de uma gramática de transformação?”.
As questões extraem-se da sinopse da Conferência “Reformular a autoridade e a autoria nas artes: Tecendo linhas de reparação”, que acontece hoje, 20, na Culturgest, em Lisboa, com a curadoria de Raquel Lima, poeta, performer e investigadora em estudos pós-coloniais, a que se juntam os olhares externos de Dori Nigro, educador e performer, e de Melissa Rodrigues, artista visual, arte-educadora e curadora independente.
O programa constrói-se “desde uma pedagogia de perguntas”, a partir dos quatro momentos que o compõem, e que mais do que trazerem tentativas de resposta, prometem sinalizar novas perguntas.
Para começar, temos “um workshop teórico-prático, dinamizado por Dori Nigro e Melissa Rodrigues, em representação da UNA – União Negra das Artes” para entendermos o que são e para que/quem servem linhas anti-racistas para a arte-educação”.
Segue-se, às 14h, a mesa conversacional “Farmácia Fanon – I Gramáticas do Azul”, onde Vânia Gala “questiona quais os potenciais críticos dos nossos posicionamentos político-performativos”.

A partir das 16h, discute-se o tema “Da autoridade da inércia à radicalidade do reparável”, numa “mesa-redonda, com Anabela Rodrigues, Apolo de Carvalho, Cristina Roldão, Gessica Correia Borges e Kitty Furtado, em que se pergunta como reparar o reparável no sector artístico em Portugal”.
A encerrar o programa, que termina às 20h, Jota Mombaça apresenta “uma palestra que visa compreender como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender a sua duração”.
De momento em momento, a Conferência “Reformular a autoridade e a autoria nas artes: Tecendo linhas de reparação”, reúne vozes “múltiplas e transdisciplinares”, que vão “desde a arte-educação, curadoria, performance, artes visuais, cinema, antropologia, pedagogia, sociologia, comunicação, direito, relações internacionais e activismo”.
Juntas e plurais, essas perspectivas reflectem “sobre lógicas de extractivismo artístico, apropriação cultural, destituição autoral, racismo cultural, e assim sugerir interrupções na repetição e reprodução das institucionalidades verticais estabelecidas, normalizadas e instituídas em práticas e políticas artísticas contemporâneas”.
Tudo tecido a partir premissa de Franz Omar Fanon: “Se a construção de uma ponte não enriquece a consciência de quem nela trabalha, então a ponte não deve ser construída.”
A entrada é livre.