“Que Seria” se invertêssemos o poder nas relações raciais? Vamos ver!

A partir de uma adaptação livre da tragédia “Otelo”, de Shakespeare, a directora, encenadora e escritora Lara Mesquita desafia os termos em que se estabeleceram – e continuam a estabelecer – as relações raciais. Na sua criação, intitulada “Que Seria”, a também actriz apresenta Otelo como “um homem branco que ambiciona o lugar de privilégio”, num universo onde “poder e a propriedade do direito, a superioridade física e intelectual, os preconceitos e o medo, impedem os privilegiados de facilitar essa aproximação”. Com “esta inversão de papéis sociais”, lança-se o mote para a produção, que se estreia na próxima sexta-feira, 10, n’ O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo. “Se fosse ao contrário, que seria?”. A criadora “propõe esta reflexão ao público através de um espectáculo que tem lugar num imaginário colectivo em que as pessoas negras são as privilegiadas”.

por Afrolink

Na obra original, de William Shakespeare, Otelo é um homem negro, cuja história nos confronta com várias camadas de recorte racial. Na adaptação de Lara Mesquita, “Otelo é um homem branco que ambiciona o lugar de privilégio”, premissa que nos transporta para uma subversão dos termos em que se estabeleceram e continuam a estabelecer as relações raciais.

“Esta inversão de papéis sociais é o mote para a criação” da directora e encenadora, antecipa-se na mensagem de divulgação do espectáculo “Que Seria”, que se estreia nos próximos dias 10 e 11, sexta-feira e sábado, n’ O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo.

“Se fosse ao contrário, que seria?”, questiona Lara, reinventando os lugares de partida, num universo em que “o poder e a propriedade do direito, a superioridade física e intelectual, os preconceitos e o medo, impedem os privilegiados de facilitar essa aproximação”.

A narrativa desenvolve-se a partir da relação inter-racial de Otelo com Desdémona, foco do texto cujas “ramificações estendem-se à análise profunda das implicações e consequências do racismo”.

Com esta criação, Lara “visa desmistificar preconceitos raciais e consciencializar para o racismo e para prácticas de discriminação e desigualdade”, propondo uma reflexão “através de um espectáculo que tem lugar num imaginário colectivo em que as pessoas negras são as privilegiadas”.

O espectáculo cria uma nova realidade social, a partir do “recurso às personagens (e às suas relações interpessoais) criadas por William Shakespeare para Otelo, mas invertendo aquilo que representam na sociedade”.

Por isso, “Que Seria acaba por ser um objecto artístico que também é político e de intervenção social”. Ou, nas palavras de Lara Mesquita, trata-se “uma quase experiência social, que ao inverter a práctica do racismo pode facilitar a mudança do paradigma”.

“Que Seria” sucede a “Sempre que Acordo”, espectáculo que valeu a Lara Mesquita o Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina (2021, atribuído pela Companhia Cepa Torta).

O elenco conta com Ana Amaral, Catarina Amaral, Daniel Moutinho, Júlio Mesquita, Manuela Paulo e Pedro Nuno. 

Apresentações:

10 de Novembro – 21h30 [ESTREIA]

11 de Novembro – 18h30

O Espaço Do Tempo, Montemor-o-Novo

Reservas via SMS para +351 913 699 891