Representatividade negra nas artes performativas em debate

Profissionais da cultura e responsáveis estatais debatem, no próximo sábado, 16, a partir das 15h, a “Representatividade Negra nas Artes Performativas – Significados, limites e políticas de acção afirmativa”. A discussão, com acesso livre e coordenação da poeta e performer Raquel Lima, será transmitida no Facebook e no YouTube.

por Afrolink*

O diagnóstico é inequívoco: “Persiste uma sub-representação de profissionais negros e negras nas estruturas financiadas pelo Governo, tal como no exercício de funções públicas afectas à DGArtes/Ministério da Cultura, entidades municipais (bibliotecas, teatros, galerias, museus) e nas programações culturais de espaços públicos (e privados)”.

A realidade, assim descrita pela poeta, performer, arte-educadora e doutoranda Raquel Lima, exige, nas palavras da mesma, “um compromisso governamental estruturado em torno das desigualdades raciais, que também passe pelas artes”.

O repto dá o mote para o Fórum Cultura “Representatividade Negra nas Artes Performativas – Significados, limites e políticas de acção afirmativa”, que acontece no próximo sábado, 16, a partir das 15h.

Com a participação de vários profissionais da cultura negros, entre outros as actrizes Cléo Tavares, Isabel Zuáa, e Nádia Yracema, e os actores Marco Mendonça e Paulo Pascoal, o encontro – online, com acesso livre e coordenação de Raquel Lima –   também vai contar com a presença de responsáveis estatais. Nomeadamente Américo Rodrigues, da Direcção-Geral das Artes, e Ana Magalhães e Mafalda Sebastião, ambas da Câmara Municipal de Lisboa, a primeira do Departamento dos Direitos Sociais, Divisão para a Coesão e Juventude, e a outra da Divisão de Acção Cultural, Loja Lisboa Cultura.

Como contribuir para uma efectiva transformação da cultura em Portugal

“A partir de uma reflexão sobre as limitações estruturais que fundamentam as políticas culturais do país e considerando o debate actual, mobilizado pelos movimentos negros em Portugal, este Fórum Cultura pretende ir além das questões superficiais que têm esvaziado o tema”, adianta a mensagem de divulgação.

Nesse sentido, “serão propostos modelos construtivos, que partam das próprias estruturas artísticas (responsáveis pelas relações de poder que sustentam privilégios e legitimam a discriminação de determinados corpos e subjetividades no sector) em diálogo com artistas, agentes culturais, especialistas em investigação e curadoria e outras pessoas negras profissionais da cultura em Portugal”. 

Discussão com coordenação da poeta e performer Raquel Lima.

O aprofundamento da discussão confronta-nos com uma série de questionamentos. “O que significa, em concreto, a diversidade cultural nas artes performativas em Portugal? O que reivindicamos exactamente quando propomos mais representatividade negra?”, reflecte Raquel Lima, desfiando outras questões.

“Que modelos de políticas públicas podemos pensar para reduzir as disparidades estruturais no meio artístico e cultural? Como contrariar a tendência de assimilação, apropriação e destituição cultural a que estamos sujeites? Quantas mais petições teremos que fazer para que possamos ser a voz das nossas histórias ou para que as nossas vozes não sejam censuradas? Que compromissos estamos dispostos a fazer, juntes e a partir de 2021, para uma sociedade mais justa?”.

As respostas procuram decifrar “como podemos, em conjunto, contribuir para uma efectiva transformação da cultura em Portugal.” Com todos e para todos.

 

*Foto de capa corresponde à fachada do Instituto Tomie Ohtake, no Brasil (e não ao MASP- Museu de Arte de São Paulo como erradamente começou por ser identificado). Aí, e também no MASP, no âmbito da exposição “Histórias Afro Atlânticas”, o colectivo “Frente 3 de Fevereiro” espalhou, em 2018, a pergunta “Onde estão os negros” para suscitar o debate sobre a sub-representatividade negra na sociedade brasileira.

 

Participe no Fórum Cultura “Representatividade Negra nas Artes Performativas – Significados, limites e políticas de acção afirmativa”, no próximo sábado, 16, a partir das 15h, no YouTube e Facebook do Alkantara e no Facebook do Pólo Cultural da Gaivotas|Boavista.