Silêncio, que se está a ocultar uma morte à guarda do Estado? De novo?

Danijoy Pontes morreu na madrugada do passado dia 15 de Setembro, no Estabelecimento Prisional de Lisboa, em circunstâncias ainda por esclarecer, informa a família, num comunicado enviado ao Afrolink. Na mesma nota, lê-se que o jovem de 23 anos cumpria 11 meses de prisão preventiva, “ultrapassando o tempo recomendável de seis meses, e ainda que estivessem reunidas todas as condições para aguardar julgamento em liberdade”. O caso, que continuaremos a acompanhar, vai estar em análise na segunda parte d’ O Lado Negro da Força, em directo a partir das 21h. Até lá, divulgamos na íntegra a mensagem divulgada pela família, onde se expõe o silêncio das autoridades perante mais uma morte à guarda do Estado.

Comunicado da família de Danijoy Pontes, aos 22 de Setembro de 2021

Danijoy Pontes, nosso filho e irmão, morreu, com 23 anos, à guarda do Estado, no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), na madrugada de 15 de Setembro de 2021, tendo nós, a família, apenas sido informados que este teria falecido durante o sono.

Sete dias após a morte, não fomos mais contactados por qualquer entidade e continuamos sem saber as circunstâncias e causa da sua morte. A última vez que a mãe falou com ele, Danijoy estava bem – eram cerca de 18h.

A história de detenção de Danijoy desde o início que não foge à regra da desproporção das medidas de coação quando se trata de jovens negros. Danijoy esteve 11 meses em prisão preventiva, ultrapassando o tempo recomendável de 6 meses e ainda que estivessem reunidas todas as condições para aguardar julgamento em liberdade.

Apesar dos nossos pedidos de reapreciação, a medida de coação nunca foi alterada. Foi condenado a 6 anos de prisão, em cúmulo jurídico, mesmo não tendo qualquer antecedente criminal e desconsiderando o significado de uma pena tão pesada numa vida tão jovem. Danijoy entrou saudável no EPL. Apesar disso, foi sistematicamente medicado durante a sua estadia sem que nada aparentemente o justificasse e sem que alguma vez tivéssemos sido informados sobre as razões.

Danijoy gostava de cozinhar, gastronomia portuguesa, francesa e africana. Concluiu o ensino secundário como técnico de cozinha/pastelaria em 2019 na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e estagiou no Hotel Mundial.

Estava a dar passos para construir a sua vida. Trabalhou no Cateringport, no Aeroporto de Lisboa e aquando da sua detenção estava a tratar de documentos para se empregar na Junta de Freguesia de Santa Iria.

Nós, a família, exigimos, com a maior celeridade, o apuramento das circunstâncias e as causas da sua morte. Tendo esta morte ocorrido sob tutela estatal, exigimos a averiguação de responsabilidades. Toda a solidariedade é bem-vinda e indispensável para que se faça justiça: justiça por Danijoy.

 

O tema está em análise na segunda parte d’ O Lado Negro da Força. Para ver a partir das 21h, no Facebook e no YouTube

NOTA: A família de Danijoy Sousa Pontes precisa de ajuda para enfrentar as despesas que a situação acarreta. Dados bancários da Dona Alice Santos, mãe de Danijoy:

Mbway: 925016881

NIB: 0035 0209 0001 6066 8306 9

IBAN: PT50 0035 0209 0001 6066 8306 9