Somos todos suspeitos do “perigoso crime” de sermos negros

Uma semana depois de ter sido detido e algemado, numa acção de desobediência civil da associação ambientalista Climáximo, Danilo Moreira, co-host do Lado Negro da Força e nosso companheiro de tantas lutas, dá o mote para um dos temas em análise no nosso lugar de fala das noites de quinta-feira: neste sistema estruturalmente racista em que vivemos, quem é negro é tratado como um fora-da-lei.

por Afrolink

A animalização do corpo negro pelas forças de segurança é uma prática reiterada, que a detenção de Danilo Moreira – há uma semana, na refinaria Refinaria da Galp em Sines – vem confirmar.

Prostrado como uma besta às mãos de um agente da GNR, o nosso companheiro de tantas lutas, e único negro presente na acção de desobediência civil que a Climáximo realizou nessa infra-estrutura, foi também o único, em cerca de 100 manifestantes, a ser detido e algemado.

A perfilagem racial policial salta à vista e só surpreende os menos avisados: neste sistema estruturalmente racista em que vivemos, quem é negro é tratado como um fora-da-lei.

Mais do que uma constatação sustentada por N exemplos, essa é uma evidência que encontra respaldo na própria lei, conforme o advogado José Semedo Fernandes tem vindo a alertar.

Polícia imbuída de um espírito racista

A violência contra Cláudia Simões demonstrou-o, tal como, entre outros, o caso da esquadra de Alfragide, e agora o de Danilo Moreira, presidente do Sindicato de Trabalhadores de Call Center – Tás logado e incansável activista.

“Achei excessivo terem-me algemado e também ter sido o único identificado”, disse Danilo ao Público, vincando a ‘coincidência’ do tratamento discriminatório, que várias testemunhas consideraram infundado.

“Se este acto repressivo é verdadeiramente intolerável face à forma pacífica do protesto, mais uma vez, se demonstra o carácter racista da GNR e, por tabela, do Estado ao procederem à detenção do único activista negro que se encontrava no protesto”, considerou o MAS – Movimento Alternativa Socialista. Numa nota de solidariedade, o colectivo sublinhou que não acredita em casualidades. “Conhecemos bem o carácter sério e pacífico do camarada para perceber que só uma polícia imbuída de um espírito racista faz o que fez”.

O episódio vivido pelo também co-host do Lado Negro da Força dá o mote para um dos temas em análise no nosso lugar de fala das noites de quinta-feira. Hoje com o testemunho do Danilo sobre a violência que sofreu em Sines.

Para ver e ouvir mais logo, n’ O Lado Negro da Força, no Facebook e no YouTube, a partir das 21h.