Um mundo louco aterra hoje em Lisboa, com passaporte do Uganda

A ZDB (Galeria Zé dos Bois) apresenta hoje, a partir das 19h, em Lisboa, a estreia europeia do filme “Crazy World” (Mundo Louco), do ugandês Nabwana I.G.G., criador do fenómeno Wakaliwood, fundado em Kampala, capital do Uganda. A longa-metragem integra o ciclo “SUPA ACTION!”, que encerra na próxima segunda-feira, 28, e que nos reserva um encontro com Nabwana I.G.G. A começar nas próximas linhas.

por Paula Cardoso

Apresenta-se como um autor de “Comédia de Acção” e, tornou-se tão popular neste género, que, fãs de todo o mundo voam para o Uganda em busca de um papel numa das suas produções.

“Já tivemos pessoas a virem da Suíça, na sua lua-de-mel, só para entrarem numa cena. Apenas queriam morrer num filme, e ficaram felizes”, contou ao The Guardian, o cineasta ugandês Isaac Godfrey Nabwana, ou simplesmente Nabwana I.G.G. (na imagem, de câmara em pose).

Criador do fenómeno Wakaliwood, Nabwana, de 47 anos, fundou na cidade de Kampala, capital do Uganda, o primeiro estúdio de cinema do país – o Ramon Film Studios.

Baptizado em homenagem às suas avós Rachel e Monica, o Ramon fez nascer o Wakaliwood, que, por sua vez, derivou do nome do seu bairro:  Wakaliga.

Dos subúrbios de Kampala para o mundo, o Wakaliwood ultrapassou as fronteiras ugandesas a partir do seu ‘embaixador para a América’, o produtor nova-iorquino Alan Hofmanis.

A história deste encontro começou a ser vivida em 2011, a partir de um matrimónio desfeito antes sequer de subir ao altar. Abandonado pela então noiva quando se preparava para a pedir em casamento, Hofmanis afogava as mágoas num bar com um amigo que, para o animar, partilhou consigo um pouco do trabalho de Nabwana.

Lisboa acolhe estreia europeia de “Crazy World”

Foi quanto bastou para o americano pegar nas poupanças que tinha para a boda e lua-de-mel, e voar até Kampala.

O interesse pelo trabalho do cineasta ugandense – a partir do trailer de “Who killed captain Alex?” (“Quem matou o capitão Alex?”), já visto por cerca de 3,6 milhões pessoas no YouTube –, evoluiu para uma parceria, especialmente activa nas candidaturas a festivais de cinema.

O filme, de baixíssimo orçamento (cerca de 200 dólares), como todos os que compõem a filmografia de Nabwana,  pode ser visto na próxima segunda-feira, 28, na sessão de encerramento do ciclo de cinema “SUPA ACTION!”, que decorre na ZDB, em Lisboa.

Com curadoria da Cineclube Aparição, o programa arrancou na semana passada com “Bad Black” (“Negro Mau”), e prossegue hoje, às 19h, com “Crazy World” (Mundo Negro), que tem aqui a sua estreia europeia, depois da estreia mundial no Festival Internacional de Toronto, em 2019.

A assinatura de Nabwana estende-se a outros mais de 40 títulos, e, embora não faltem críticos do estilo, contestado pela alegada propagação de violência gratuita, os seguidores continuam a aumentar em todo o mundo.

O movimento de internacionalização trouxe um carimbo no passaporte cinéfilo: “Tarantino do Uganda”. Nós preferimos a unicidade do seu trabalho, bem expressa no slogan do estúdio de cinema que criou: “O Melhor dos Melhores Filmes!”.

Para conferir na Zé dos Bois, a partir das 19h, e com ligação ao Uganda, para uma conversa com Nabwana I.G.G..

Cada bilhete custa 3€

E podem ser comprados aqui