VÂNIA E MALIKA CONVIDAM-NOS A IR À RAIZ DE QUEM SOMOS, PARA DESENTERRAR EMOÇÕES E PLANTAR COMUNIDADE
Entre aprendizagens online, num caminho de autoconhecimento feminino e africano, a poetisa, performer e activista Vânia Andrade encontrou sustentação nos ensinamentos da farmacêutica holística Malika Rodrigues. Primeiro, como seguidora dos conteúdos partilhados por Malika nas redes sociais – sob a assinatura Malika Soul –, e depois enquanto sua mentoranda, “Puma”, como também é conhecida, quis fazer dos novos saberes um espaço de ligação a outras mulheres. Nasceu assim o “Raiz Sagradu”, construído como um “círculo de mulheres africanas”. Cerca de um ano após a estreia em Lisboa, a proposta regressa a 29 de Novembro, em Caxias.
EM DESTAQUE
Por esta altura, há exactamente um ano, o país reagia, em sobressalto, a uma onda de protestos nas periferias da Área Metropolitana de Lisboa, motivada pelo assassinato de Odair Moniz, às mãos de Bruno Pinto, agente da PSP. O crime, prontamente justificado por narrativas racistas, assentes na criminalização da vítima e na defesa da Polícia, evidenciou, mais uma vez, a política de impunidade que grassa nas forças de segurança. Aliás, não fossem os vídeos captados pelos moradores da Cova da Moura – onde Odair Moniz foi mortalmente baleado –, e talvez ainda estivéssemos a ouvir testemunhos sobre como a vítima empunhou uma faca contra o agente, forçando-o a disparar em legítima defesa. Não uma, mas duas vezes, sublinhe-se, não fosse Odair feito à prova de bala. Assassinado a 21 de Outubro de 2024, Dá, como era carinhosamente tratado, deixou viúva, dois filhos, e uma comunidade enlutada. Todos pedem Justiça. Todos pedimos Justiça, e ela passa pelo Tribunal de Sintra, onde o homicídio começou a ser julgado, na última quarta-feira, 22 de Outubro. Amanhã, 29, há mais.
O Parlamento aprovou hoje, na generalidade, o projecto de lei que proíbe o uso, em espaços públicos, de “de roupas destinadas a ocultar ou a obstaculizar a exibição do rosto", designação onde se incluem as burcas. A proposta, do Chega passou com o apoio do PSD, Iniciativa Liberal e CDS e contou com votos contra do PS, Livre, PCP e Bloco de Esquerda. PAN e JPP abstiveram-se. “Enquanto mulher feminista e deputada socialista”, Eva Cruzeiro explica, neste artigo de opinião que o Afrolink publica, porque se recusa “a aceitar que a emancipação das mulheres seja invocada para legislar contra elas”. “Esta medida não protege as mulheres muçulmanas, silencia-as. Não promove liberdade, impõe exclusão. Não defende os seus direitos, criminaliza a sua diferença”.
Mais de cinco anos depois de ter criado a página ABlackHistoryofArt, no Instagram, Alayo estende a sua intervenção a várias outras plataformas, com destaque para o podcast “A Shared Gaze” (Um olhar partilhado), a que juntou, já neste ano, o lançamento do seu livro de estreia, intitulado “Reframing Blackness, What's Black About History of Art” (Reenquadrando a Negritude, O que há de Negro na História da Arte). A obra, recém-editada pela Penguin, serve de mote para uma conversa com o Afrolink, realizada em vésperas da apresentação portuguesa, marcada para as 18h30 de hoje, 7, no TBA – Teatro do Bairro Alto. O momento, com moderação do autor, actor e curador Paulo Pascoal, dá uma dimensão profissional a uma já longa relação de Alayo com Lisboa. “Nunca trabalhei em Portugal, mas nos últimos 10 anos tenho passado muito tempo no país”, diz, partilhando os planos de transformar a actual autorização de residência num pedido de cidadania.
“Por uma Educação com Justiça, Representatividade e Compromisso Ético”, a Rede Nacional de Profissionais Negras e Negros propõe-se “mapear e chegar a todas as professoras, professores, educadoras e educadores negros que actuam em Portugal — no continente e nas ilhas — criando um espaço de conexão, escuta e acção colectiva”. O propósito ganha vida online, a partir de um repto à participação, que o Afrolink divulga.
Na despedida a Assata Skakur, ícone da luta dos Panteras Negras que morreu na passada quinta-feira, 25 de Setembro, em Cuba, publicamos uma mensagem gravada pela própria a 4 de Julho de 1973, e que extraímos da obra “Assata – Uma Autobiografia”, editada em 2022 pela brasileira Pallas. O importante testemunho, com prefácios de Angela Davis e Lennox Hinds, permite-nos mergulhar na história daquela que se tornou uma das mulheres mais procuradas pelo FBI. Nascida em Nova Iorque, a 16 de Julho de 1947, Assata iniciou a militância política na universidade, e, com a adesão aos Panteras Negras, interveio na criação de clínicas comunitárias e programas de alfabetização. Na luta pelos direitos civis, destacou-se igualmente como uma das líderes do Exército da Libertação Negra, até que, em 1973, fruto de uma emboscada policial, acabou presa e condenada à prisão perpétua. Conseguiu fugir em 1979 e, na hora da morte, aos 78 anos, permanecia asilada em Cuba. Conheça-a na primeira pessoa.
Perdemos-lhe o rasto durante 15 anos. De 1999, altura em que trabalhava no terceiro álbum, até 2014, momento em que reapareceu – primeiro nas páginas do Público, e depois no palco do Lisboa Mistura –, General D tornou-se um mito. Actualmente a residir no Reino Unido, o artista tem aprimorado talentos também fora dos palcos, nomeadamente como chef e criador da marca de alimentação Imella. Nesta entrevista, a dias do regresso aos palcos, seguimos uma rota que percorre os descaminhos da indústria da música, e os caminhos do combate político, da exclusão racial, da sustentabilidade económica e do Amor. Com a palavra, o pensamento e a prática de General D.
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ÚLTIMOS ARTIGOS
A investigadora e activista Luísa Semedo é a próxima convidada do clube de leitura LGBTI+, que acontece hoje, 27, na Biblioteca de Marvila, das 18h30 às 20h. Com o tema da saúde mental e do “coming out” como pano de fundo, Luísa propõe que nos debrucemos sobre o livro “A Cor Púrpura”, de Alice Walker.
A 12.ª edição da MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista regressa ao grande ecrã do Batalha Centro de Cinema, no Porto, de 30 de Outubro a 2 de Novembro. Com acesso livre, este ano o tema é “Corpos em Movimento: da Migração, do Desejo e do Direito ao Lugar”.
Durante dois fins-de-semana, nos dias 8, 9, 15 e 16 de Novembro, a sala Estúdio, do CAM - Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian, exibe a “Black Gaze – Mostra de Cinema Negro em Portugal”. Com curadoria de Kitty Furtado, investigadora da Universidade do Minho, a programação inclui uma série de conversas, com a presença de cineastas. Confira tudo o que pode ver e debater.
A primeira edição do Festival Ecoar acontece a 10 e 11 de Novembro, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, e é antecedida, no dia 8, do lançamento do livro “Ecoar”, no Hangar, em Lisboa. Esta é uma iniciativa do Banga Colectivo, para “promover e valorizar as línguas originárias dos países da lusofonia, e a relação destas com a língua portuguesa num contexto pós-colonial”. Na estreia, o destaque vai para o encontro entre Angola e Portugal.
Antes reconhecido como quarto poder, o jornalismo vê a sua imagem degradar-se a cada dia, colada ao rótulo “jornalixo”. A perda de confiança no sector e nos seus profissionais exige esforços de reabilitação que têm agora, no “Horizontes Vivos”, uma nova frente de intervenção. A iniciativa, lançada pelo Gerador, apresenta-se nos dias 14 de 15 de Novembro, no Goethe-Institut de Lisboa, com uma programação que junta workshops práticos com masterclasses, debates, podcasts ao vivo e uma exposição do cartoonista Nuno Saraiva. A entrada é livre, mediante inscrição.
A farmacêutica holística Malika junta-se à poetisa, performer e activista Vânia Andrade na organização e facilitação de mais um encontro “Raiz Sagradu”, marcado para o próximo dia 29 de Novembro, em Caxias. Com seis horas de duração – das 12h às 18h –, esta é uma proposta especialmente dirigida a mulher africanas e destinada a promover a reconexão a “uma tradição ancestral feminina”. As inscrições estão abertas.