A consciência dos EUA está na Igreja negra, e Warnock leva-a para o Senado

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A consciência dos EUA está na Igreja Negra, e Warnock leva-a para o Senado

[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][/et_pb_section][et_pb_section fb_built="1" _builder_version="4.4.7"][et_pb_row _builder_version="4.4.8"][et_pb_column type="4_4" _builder_version="4.4.7"][et_pb_text _builder_version="4.4.8" text_font_size="16px" text_line_height="1.6em" custom_margin="||13px|||"]Nascido e criado na Geórgia, baluarte da segregação racial nos EUA, Raphael Gamaliel Warnock foi eleito, esta quarta-feira, 6, para o Senado, tornando-se o primeiro negro a ocupar esse lugar pelo estado sulista, e o 11.º na história do país. Numa das primeiras declarações após o anúncio dos resultados, Warnock, de 51 anos, deu as boas-vindas à “nova Geórgia”. Nas suas palavras: “Mais diversa, mais inclusiva”, e “que prontamente acolhe o futuro”. “Eu sou produto disso”, assinalou o pastor da Igreja Baptista Ebenezer, assinalando o compromisso numa viragem política na política americana, indissociável do movimento “Black Lives Matter” e de outro nome: Stacey Abrams. Um momento histórico em análise esta noite, na primeira emissão de 2021 do Lado Negro da Força. Para ver em directo, no Facebook e no YouTube, a partir das 21h30.[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure="1_2,1_2" _builder_version="4.4.7" custom_padding="||6px|||"][et_pb_column type="1_2" _builder_version="4.4.7"][et_pb_text _builder_version="4.4.8" text_font_size="16px" text_line_height="1.6em" custom_margin="||13px|||" locked="off"]

por Paula Cardoso

De capuz na cabeça, estilo “suspeito” que, em 2012, condenou Trayvon Martin à morte – mais um jovem afro-americano assassinado a tiro enquanto seguia na rua desarmado –, Raphael Gamaliel Warnock posicionou-se contra o sistema que perpetua a criminalização dos corpos negros. “O que há de tão assustador num homem negro de capuz à chuva?”, questionou.

Os seus apelos à Justiça voltaram a ouvir-se em defesa de Genarlow Wilson, condenado, em 2005, a 10 anos de prisão por abuso de menores, na sequência de um acto sexual consensual com uma menor de 15 anos, quando ele próprio tinha 17. Wilson ainda amargou dois anos atrás das grades até à libertação, desfecho para o qual o pastor foi uma das vozes mais activas.

Recuando um pouco mais no calendário, até 2001, encontramos Warnock em Baltimore, numa altura em que os casos de SIDA assumiam proporções alarmantes nas comunidades negras. Mais do que entregar palavras aos fiéis, contra o consumo de drogas e em defesa da responsabilidade individual, ele próprio se submeteu ao teste de diagnóstico do HIV.

Já em 2014 e 2017, juntou-se à mobilização popular nas ruas por um melhor e maior acesso à Saúde, contestando, primeiro, a recusa republicana de expandir a cobertura do seguro Medicaid e, depois, as manobras para revogar o “ObamaCare”. Nas duas ocasiões, acabou detido.

O contributo do Black Lives Matter e de Stacey Abrams

Os exemplos atrás apresentados não chegam para fazer jus às décadas de serviço de Raphael Warnock, mas deixam claro que é um homem de acção.

Eleito na quarta-feira, 6, o influente pastor da Igreja Baptista Ebenezer – celebrizada como a ‘casa’ de Martin Luther King – tornou-se o primeiro negro do estado da Geórgia a vencer uma corrida para o Senado, e 11.º na história do país. 

O resultado histórico, além de premiar a caminhada do pastor de 51 anos – que derrotou a milionária e trumpista Kelly Loeffler –, evidencia os méritos do trabalho de Stacey Abrams, e do movimento “Black Lives Matter”.

 

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Comecemos por Abrams. Formada em Direito pela prestigiada Universidade de Yale, esteve dez anos na Câmara dos Representantes da Geórgia, onde foi a líder da minoria democrata entre 2011 e 2017.

Em 2018 ficou perto de se tornar a primeira governadora negra dos EUA, perfilando-se, a partir daí, como possível candidata às Presidenciais de Novembro.

Apesar de não ter entrado na corrida à Casa Branca, Abrams revelou-se essencial para a vitória de Joe Biden na Geórgia, um dos baluartes da segregação racial nos EUA.

Isto porque o triunfo democrata, que não acontecia desde 1992, é indissociável do seu "The New Georgia Project", lançado pela advogada em 2014 para promover o registo de eleitores negros e de outras minorias, e da fundação, em 2019, da “FairFight”, criada em defesa de eleições "livres e justas".

A valiosa intervenção de Stacey Abrams, em parceria com várias organizações, como a "Black Voters Matter", favoreceu a aproximação ao agora eleito senador, a quem pediu ajuda para implementar o "The New Georgia Project".

“O que vejo no Raphael Warnock, sempre que conversamos, sempre que nos mobilizamos, é uma crença que é central à sua essência: que a moralidade exige que ele pratique o bem”, considera a democrata, citada pelo The New York Times.

O trunfo Stacey Abrams juntou-se, na campanha ao Senado, a outro poderoso apoio: as atletas da Atlanta Dream, equipa da liga feminina de basquetebol americano (WNBA), co-detida pela adversária de Warnock nessa disputa.

Posicionando-se contra Kelly Loeffler, depois de esta ter criticado o apoio da WNBA à organização “Black Lives Matter”, sustentando que o movimento é diferente da associação em si, as jogadoras envergaram t-shirts com o apelo ao voto em Warnock.

Na altura, as sondagens davam 9% ao pastor nas intenções de voto, enquanto Loeffler surgia com 26%.

 

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O amor em vez do ódio

A viragem do jogo, consumada na vitória desta quarta-feira, não se fez, contudo, sem as habituais rasteiras políticas.

Retratado como um perigoso extremista, e um agressor – alegações que esmiuçaram o seu processo de divórcio, incluindo uma queixa policial –, Raphael Warnock reafirmou, a cada oportunidade, o seu compromisso contra a intolerância.

“Pessoas sem visão investem na divisão”, alertou no Twitter, reforçando a ideia: “Como não nos conseguem liderar, tentarão dividir-nos. Mas enquanto procuram fazê-lo, eu estarei ocupado a tentar levantar as famílias da Geórgia – porque nós somos tudo o que temos”.

O pastor, que sempre teve em Martin Luther King uma referência, e que vai buscar aos ensinamentos paternos a maior inspiração e encorajamento, não se cansa também de apelar a que não se confunda a resposta negra a ultrajes morais com ódio.

Pelo contrário, o agora senador sublinha que cresceu rodeado de amor.

Nascido na Geórgia há 51 anos, 11.º de 12 filhos, o democrata nota que pode ter crescido com pouco, mas nunca lhe faltou, nem a ele nem aos irmãos, o que mais importa: “Amor e pais que se preocupavam”.

Com o pai, Jonathan Warnock, também ele pastor e já falecido, conta que aprendeu a estar pronto.  “O meu pai acordava-me sempre cedo. Dizia-me: ‘Rapaz, não se dorme até tarde na minha casa. Levanta-te, veste-te, calça-te. Prepara-te”.

A convocatória paterna, que se aplicava a todos os dias da semana, houvesse ou não compromisso, foi partilhada pelo senador num dos últimos comícios, e também ganha espaço nas cada vez mais frequentes entrevistas.

“Ele trabalhava com carros desfeitos durante a semana, e, aos domingos de manhã, trabalhava com pessoas desfeitas”, resumiu ao Atlanta Journal-Constitution, em 2005.

Sem nunca esquecer a importante influência paterna, o democrata também faz questão de destacar o legado materno.

“As mesmas mãos de 82 anos que já apanharam algodão, foram às urnas e elegeram o seu filho mais novo como senador dos Estados Unidos da América”, disse, referindo-se a Verline Warnock.

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Igreja e política por mais humanidade

A herança, garante o democrata, reforça a sua luta por todas as igualdades.

“Alguns podem questionar: ‘Porque é que um pastor entende que pode ser útil no Senado? Bom, eu dediquei a minha vida toda ao serviço, a ajudar as pessoas a tomarem consciência do seu maior potencial. E sempre pensei que o meu impacto não termina à porta da igreja. Na realidade, é aí que começa”, explicou à BBC, ainda na qualidade de candidato.

Afastando deslumbramentos carreiristas, o pastor baptista promete manter rotinas. “A Igreja Negra sempre foi a consciência da América”, referiu em 2011, frisando agora que não está apaixonado pela política, mas sim pela humanidade. “A política é uma ferramenta que me permite efectuar o tipo de mudança que quero ver no mundo”, explica Raphael Warnock, reiterando o compromisso com os seus fiéis.

“Todas as manhãs de domingo, pretendo regressar ao meu púlpito, pregar, e conversar com as pessoas. Umas das coisas que aprendi a ser pastor é que são as pessoas que nos ensinam a ser bons e efectivos, e acredito que o mesmo acontece com um senador. Por isso, tudo o que não quero é perder a ligação à comunidade e passar todo o meu tempo a falar com políticos. Quero ser um servidor público”, apontou, enquanto dava as boas-vindas à “nova Geórgia”. Nas suas palavras: “Mais diversa, mais inclusiva”, e “que prontamente acolhe o futuro”. “Eu sou produto disso”, celebra.

Acompanhe, a partir das 21h30, no Facebook e no YouTube, o Lado Negro da Força, o talk-show online das noites de quinta-feira. Com José Rui Rosário, Pedro Filipe, Paula Cardoso, Mariama Injai e Danilo Moreira. 

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