O que torna uma piada racista? A obra “Racismo Recreativo” explica

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O que torna uma piada racista? A obra “Racismo Recreativo” explica

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Que referências nos acompanham na nossa construção de negritude e africanidade? Quais os livros, filmes, séries, discografia ou palestras que nos ajudaram a desmontar a armadilha da história única? Publicamos, uma vez por semana, sugestões que espelham esse despertar identitário. Em “Racismo Recreativo”, do advogado brasileiro Adilson Moreira, vemos porque é que algumas “brincadeiras de amigos” devem ser levadas muito a sério.

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por Paula Cardoso

Muitos leram ali “uma simples piada”, ou mais uma “brincadeira de amigos”. Não faltou também quem defendesse que se o alvo da ‘tirada humorística’ não se sentiu ofendido – e até entrou no jogo –, mais ninguém teria esse direito. Pelo caminho, armadilhado de comentários inflamados nas redes sociais, notícias e textos de opinião em jornais, a frase nossa de todas as discussões raciais voltou a ouvir-se: “Agora é tudo racismo!”.

Tudo, no caso, resumia-se a um tweet, publicado em Setembro de 2019 pelo futebolista português Bernardo Silva, no qual comparou o colega francês Benjamin Mendy à mascote dos chocolates Conguitos. A mensagem, que o internacional luso acabou por apagar – na sequência de uma série de reacções de protesto –, valeu-lhe um jogo de suspensão na Liga Inglesa, onde actua, o pagamento de uma multa de 50 mil libras, e a obrigatoriedade de frequência de um programa educacional.

Manual para entender o castigo a Bernardo Silva

Para a Federação Inglesa de Futebol, ficou provado que o jogador do Manchester City violou o código de conduta da Liga, "por ter incluído referência, implícita ou explícita, à raça e/ou cor de pele e/ou origem étnica".

O castigo a Bernardo Silva, que já depois de ter eliminado o tweet lamentou a onda de contestação – “Hoje em dia já nem se pode brincar com um amigo…” –, continua a ser incompreensível para muitos, que volta e meia citam o caso como exemplo do “extremismo dos anti-racistas”.

A todos os que ainda não compreendem, mas gostariam de o conseguir, o Afrolink sugere a leitura do livro “Racismo Recreativo”, do advogado, mestre, e Doutor em Direito, Adilson Moreira.

Na obra, integrada na colecção brasileira Feminismos Plurais, e traduzida para francês, o autor aprofunda a relação entre racismo e humor.

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“Piadas racistas expressam ausência de respeito”

Partindo da explicitação de uma série de conceitos, nomeadamente de racismo, raça, branquitude e negritude – cuja incompreensão e/ou distorção continuam a minar hipóteses de um diálogo construtivo – Adilson Moreira mostra-nos como o racismo recreativo se manifesta e normaliza no nosso quotidiano.

“Não podemos esquecer que o racismo e o humor são produções culturais. Isso significa que expressam o consenso dos grupos que têm o poder de criar e reproduzir sentidos”, assinala o autor, que discorre sobre a questão: “O que torna uma piada racista?”.

Começando por ressalvar que “os estudiosos oferecem respostas distintas”, o advogado salienta que as análises coincidem no reconhecimento de que “piadas racistas expressam ausência de respeito”.

A definição aplica-se ainda quando se “propagam estereótipos negativos sobre membros de grupos minoritários, o que concorre para a reprodução da animosidade social em relação a eles”, nota Adilson Moreira.

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Perpetuação de estereótipos negativos

Considerando que “o humor racista se baseia em estereótipos negativos sobre minorias raciais”, o especialista nota que “ele não faz referência apenas à posição subjectiva do indivíduo, ele não é um mero produto do psiquismo de um indivíduo particular”.

Explica-se, assim, porque é que a “brincadeira” de Bernardo Silva não afecta apenas Benjamin Mendy. Basta, aliás, uma breve pesquisa online para perceber que o nome “conguito” marcou negativamente a infância de muitas pessoas negras.

Mais: o peso racial da mascote dos chocolates Conguitos inspirou, recentemente, o lançamento de uma petição online, que insta a empresa a rever essa imagem, por ser “estigmatizante para a população negra”, dado a “cor de pele associada ao chocolate” e os “lábios vermelhos totalmente desproporcionais” do boneco.

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De boas intenções…

Para muitos, porém, o que conta é a intenção, e se a mesma não for racista, não faz sentido existir qualquer tipo de punição. Essa foi outra das leituras bem presentes no caso Bernardo Silva, com o treinador Pep Guardiola a sair em defesa do jogador.

"Eles [federação] deviam era focar-se noutros assuntos porque não fazem ideia quem é o jogador que estão a falar. O Bernardo é uma das melhores pessoas que eu já conheci na minha vida. Ele fala cinco línguas e essa é a melhor forma de se perceber como ele tem uma mente aberta”, disse o técnico, a quem prescrevemos a leitura de “Racismo Recreativo”.

No livro, Adilson Moreira lembra que as “palavras comunicam valores culturais e não deixam de disseminar sentidos negativos devido a uma suposta ausência de motivação psicológica”.

O autor insiste na ideia de que o racismo recreativo “não pode ser interpretado apenas como um tipo de comportamento individual, produto da falta de sensibilidade de um indivíduo em relação a outro”.

Pelo contrário, “as piadas e brincadeiras racistas referendam construções culturais responsáveis pela afirmação da branquitude como um referencial de superioridade moral”. Neste sentido “a construção simbólica da negritude como uma característica estética e moralmente inferior à branquitude é um dos elementos centrais do racismo recreativo”. Para desconstruir!

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