As cartas que trazem Djamila Ribeiro a Portugal, para ler em quatro actos

Quase um ano depois da primeira viagem a Portugal, a filósofa política e activista brasileira Djamila Ribeiro está de volta a Lisboa, para apresentar a edição portuguesa do livro de memórias “Cartas para a minha avó”, recém-publicado pela Caminho. A obra, lançada no Brasil em 2021, lança o mote para vários encontros com a autora – todos com acesso livre – a começar por uma conversa online, hoje, 11, às 22h, inserida no clube de leitura do jornal PÚBLICO e da revista Quatro Cinco Um. Segue-se amanhã, 12, às 21h, a participação no “Café com Letras”, no Templo da Poesia do Parque dos Poetas, em Oeiras. Já na sexta-feira, 14, às 18h30, a escritora fará a leitura de algumas das cartas presentes na obra, momento reservado para a Livraria Travessa de Lisboa. Finalmente, no sábado, 15, acontece aquele que consideramos o momento mais alto desta passagem por Lisboa: a presença na Feira do Livro, para uma conversa com Gisela Casimiro e Isabél Zuaa, marcada para as 21h, no stand da Caminho (grupo Leya). Depois deste encontro entre mulheres negras, haverá tempo para uma sessão de autógrafos. Vamos!

Autora de obras como “O que é Lugar de Fala?”, “Pequeno manual antirracista” e “Quem tem medo do Feminismo Negro?”, a filósofa política e activista brasileira Djamila Ribeiro está de volta a Portugal, para promover a edição portuguesa do livro de memórias “Cartas para a minha avó”, recém-publicado pela Caminho.

A obra, lançada no Brasil em 2021, lança o mote para vários encontros com a autora – todos com acesso livre – a começar por uma conversa online, hoje, 11, às 22h, inserida no clube de leitura do jornal PÚBLICO e da revista literária Quatro Cinco Um.

A sessão acontece via Zoom, com ID 821 5605 8496, senha de acesso 719623, e apresentação das jornalistas Isabel Coutinho e Adriana Ferreira Silva.

Segue-se amanhã, 12, às 21h, a participação no “Café com Letras”, no Templo da Poesia do Parque dos Poetas, em Oeiras.

Já na sexta-feira, 14, às 18h30, a escritora fará a leitura de algumas das cartas presentes na obra, momento reservado para a Livraria Travessa de Lisboa.

Finalmente, no sábado, 15, acontece aquele que consideramos o momento mais alto desta passagem por Lisboa: a presença na Feira do Livro, para uma conversa com Gisela Casimiro e Isabél Zuaa, marcada para as 21h, no stand da Caminho (grupo Leya). Depois deste encontro entre mulheres negras, haverá tempo para uma sessão de autógrafos.

Até lá, partilhamos a sinopse de “Cartas para a minha avó”.

 

“Enquanto escrevia essas cartas para você, meu irmão Denis, o mais velho, me enviou uma foto sua, vó. 

Você estava toda altiva, usando roupas brancas e com um turbante na cabeça. Fiquei observando cada detalhe da imagem, me demorei imaginando quais histórias havia por trás das rugas em seu rosto, quantas vidas tinham sido afetadas por aquelas mãos calejadas que curavam cobreiros e davam esperança aos que foram benzidos. Mas nada me chamou mais atenção do que seus olhos. Um olhar penetrante, forte e, de novo, altivo. Minha mãe carregava o mesmo olhar, apesar de ele ter sido encurvado pelo tempo.

Às vezes ela falava só com olhares, e eu aprendi a decifrar cada um deles: «Saia daqui», «Fique quieta», «Não se meta, é conversa de adulto», «Quando seu pai for trabalhar, você vai se ver comigo». Enquanto escrevia essas cartas para você, meu irmão Denis, o mais velho, me enviou uma foto sua, vó.

Você estava toda altiva, usando roupas brancas e com um turbante na cabeça. Fiquei observando cada detalhe da imagem, me demorei imaginando quais histórias havia por trás das rugas em seu rosto, quantas vidas tinham sido afetadas por aquelas mãos calejadas que curavam cobreiros e davam esperança aos que foram benzidos. Mas nada me chamou mais atenção do que seus olhos. Um olhar penetrante, forte e, de novo, altivo. Minha mãe carregava o mesmo olhar, apesar de ele ter sido encurvado pelo tempo.

Às vezes ela falava só com olhares, e eu aprendi a decifrar cada um deles: «Saia daqui», «Fique quieta», «Não se meta, é conversa de adulto», «Quando seu pai for trabalhar, você vai se ver comigo».”

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