Feminismo negro, história angolana e anti-racismo em foco no Festival Política
por Afrolink
“O maior festival dedicado à cidadania e participação política do país” está de volta ao Cinema São Jorge, em Lisboa, com quatro dias de actividades que nos permitem “conhecer realizadores, artistas e activistas, participar nos debates e conversas, ou falar com um deputado para apresentar uma ideia, proposta ou questão”.
As possibilidades que edição 2022 do Festival Política nos oferece são elencadas, em comunicado, pelo seu co-fundador e co-director artístico Rui Oliveira Marques.
Após “duas edições limitadas pelas contingências da covid-19”, o também jornalista adianta que haverá 24 actividades presenciais, num programa que decorre de 21 a 24 de Abril e inclui filmes, concertos, debates, performances, espectáculos e conversas.
As propostas, todas com acesso gratuito, permitem despertar consciências e combater invisibilizações e silenciamentos. São disso exemplos uma conversa sobre o 27 de Maio de 1977 em Angola, a performance “Negras”, e a exibição do documentário “Alcindo”, de Miguel Dores, e do filme-intervenção “Bustagate”, de Welket Bungué.
Ainda no grande ecrã, teremos e oportunidade de assistir à película “A música Invisível”, de Tiago Pereira, sobre a riqueza e a influência da música cigana em Portugal.
Tudo isto tendo como tema central a Desinformação, e a guerra na Europa como pano de fundo.
O Afrolink partilha algumas das actividades do Festival Política, que, além de serem de acesso livre, são acompanhadas por tradução em Língua Gestual Portuguesa.
21 de abril, 19h
Sala 2 / Música – Conversa
“27 de maio em Angola: desinformação, auto-censura e silêncios”
A purga dentro do MPLA, a 27 de maio de 1977, desembocou em milhares de desaparecidos, mandados assassinar pelo regime de então como acusados de seguirem ideias de Nito Alves, um dos líderes do MPLA. A desinformação gerada pelos meios de informação do Estado angolano gerou uma violência que levou ao assassinato de três músicos muito populares: David Zé, Urbano de Castro e Artur Nunes. Como estão a ser testemunhadas, reconhecidas e transmitidas estas memórias traumáticas?
Com o músico Chalo Correia e membros da Associação 27 de Maio. Moderação de André Soares (jornalista/antropólogo). Com tradução para Língua Gestual Portuguesa.
22 de abril, 22h
Sala 2 / Performance
“O jeito que o corpo dá 1.0” – performance de Luan OKUN
Mo.vi.mente.ação na Diáspora, de Luan OKUN. As fugas necessárias para a destruição da norma, e assim da condição de sucesso, de fracasso, de género e racialidade. Colaboração: @yunaturva
Proposta vencedora do concurso de bolsas para artistas, criadores e ativistas, lançado pelo Festival Política e pelo Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ).
23 de abril, 17h
Sala 3 / Cinema – Sessão Corpos Políticos
“Bustagate”, de Welket Bungué, 12′ (Portugal)
Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses.
“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
A 10 de Junho de 1995, sob o pretexto múltiplo de celebrar o Dia da Raça e a vitória para a Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto para espancar pessoas negras que encontra pelo caminho. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal, cuja trágica morte na Rua Garret atribui o nome ao processo de tribunal – o caso Alcindo Monteiro.
Sessão M/16
24 de abril, 18h
Sala 2 / Música – Conversa
“Negras”
Invisibilidade. Social e política. À superfície das camadas de preconceitos, hipérboles e hipersexualização estão vivências, sentimentos e dicotomias que chegam ao debate público a conta gotas. “Negra” é o palco dessas vozes. Com Sílvia Barros na música e o coletivo Mulheres Negras Escurecidas para abrir a conversa, é hora de ouvir.
Curadoria: Bantumen. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
Consulte a programação completa no site do festival.
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