A poesia e a fotografia que inspiram “Pérola Sem Rapariga”, com foco negro

Do diálogo entre a encenadora Zia Soares e a escritora Djaimilia Pereira de Almeida soltam-se palavras que ganham expressão de palco, num processo artístico que se estreia na próxima sexta-feira, 2, às 21h, em Alcanena, com a produção “Pérola Sem Rapariga”. A criação artística, interpretada por Filipa Bossuet e Sara Fonseca da Graça, inspira-se nas páginas de “Voyage of the Sable Venus and Other Poems”, da autora afroamericana Robin Coste Lewis, e também no arquivo fotográfico de Alberto Henschel, que em tempos coloniais retratou várias pessoas negras no Brasil. Que olhares se cruzam, masterizam e remasterizam a partir daí?

por Afrolink

De que forma os corpos negros femininos têm sido representados ao longo da História? Que olhares produziram as imagens que resistem à triagem do tempo?  Qual o papel que a arte desempenhou nessa imortalizada viagem?

O livro “Voyage of the Sable Venus and Other Poems”, em tradução livre “Viagem da Vénus Negra e Outros Poemas”, da escritora afroamericana Robin Coste Lewis, interpela-nos a reflectir, entre deambulações que cruzam raça, género e desejo.

A obra poética, juntamente com o arquivo fotográfico de Alberto Henschel – que em tempos coloniais retratou várias pessoas negras no Brasil –, inspira o espectáculo “Pérola Sem Rapariga”, que se estreia na próxima sexta-feira, 2, em Alcanena.

Com encenação de Zia Soares, a partir da escrita de Djaimilia Pereira de Almeida, a criação resulta de um encontro entre ambas.

Segundo a sinopse de “Pérola Sem Rapariga”, Zia e Djaimilia “propõem desenvolver processos artísticos em que texto, dramaturgia e encenação se construam em paralelo, em confronto ou harmonia, abrindo um fluxo dialógico que derive em discurso para cena”.

Interpretado por Filipa Bossuet e Sara Fonseca da Graça, “o espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento”.

A proposta cumpre-se com composição e design de som de Xullaji, instalação e figurinos de Neusa Trovoada, e a arte visual de Kiluanji Kia Henda, que “intervém no espaço da cena instalando direcções possíveis para o conflito entre o corpo e os modos mais ou menos opressivos de o representar”.

Além da apresentação em Alcanena, na próxima sexta-feira, 2, o espectáculo poderá ser visto a 9 de Junho em São João da Madeira.

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 2 JUN 2023 > SEX, 21H | CINE-TEATRO SÃO PEDRO (ALCANENA)


9 JUN 2023 > SEX, 21H30 | CASA DA CRIATIVIDADE (SÃO JOÃO DA MADEIRA)