
ABRIR CAMINHO PARA CUMPRIR ABRIL, COM MARLETE E JOSÉ CARLOS NA NOSSA HISTÓRIA
Amplamente reproduzida em outdoors gigantes, cartazes de várias dimensões, sites e redes sociais, a imagem aqui em destaque tornou-se, no ano passado, uma bandeira de exaltação do 25 de Abril. “Foi muito bem tirada. Olhamos para ela e vemos força, poder, todo o vigor da juventude, da luta, e das pessoas da altura”, legenda Victor Correia que, numa habitual viagem pelo IC19, reconheceu nessa fotografia a sua própria história. O Afrolink foi ouvi-la, e encontrou Marlete Duarte Lopes Correia Henriques e José Carlos Duarte Lopes Correia a abrir caminho para a nossa Democracia e Liberdade. Vamos com e como eles. Colectivamente.
EM DESTAQUE
Cerca de 1 milhão e 200 mil pessoas votaram num partido abertamente racista e xenófobo nas últimas Legislativas, transformando-o na terceira força política em Portugal. Os alarmes deveriam ter soado bem alto, mas, em vez disso, várias vozes se apressaram a absolver o eleitorado racista, justificando as suas escolhas com “zangas”, “ressentimentos” e “descontentamentos”. Como se houvesse contexto capaz de tornar aceitável e até justificável o racismo e a xenofobia. Ou como se as pessoas escolhessem propostas racistas inocentemente e sem intenção. Afinal, garante o primeiro-ministro, em Portugal "o ódio e as questões raciais não têm uma natureza de preocupação”. Facto é que a aparente facilidade com que a extrema-direita mobiliza racistas e xenófobos no país contrasta com a dificuldade que o Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia (GAC) enfrenta para juntar 20 mil assinaturas em defesa da criminalização do racismo. O Afrolink deixa-lhe com o essencial desta iniciativa do GAC, percorrida a partir dos esclarecimentos dos juristas Anizabela Amaral e Nuno Silva, que integram a campanha.
Sem qualquer notificação, em claro incumprimento do que a lei determina, Carol Archangelo e Carlos Orleans, oriundos do Brasil e residentes no distrito de Viseu, depararam-se com a retirada dos filhos, encaminhados, a partir da escola, para uma família de acolhimento. Já em Lisboa, a são-tomense Ana Paula dos Santos viu uma situação de despejo, executada pela Câmara Municipal de Loures, ser usada como arma para a separar dos filhos, incluindo um recém-nascido. Casos como estes repetem-se um pouco por todo o país, revelando um padrão por parte do Estado: de racismo, xenofobia, e criminalização da pobreza. O problema vem sendo denunciado há anos, sem que uma verdadeira mudança ocorra, realidade que a antropóloga Rita Cássia Silva pretende transformar. Para isso propõe, por exemplo, “criar um fundo nacional de apoio às mulheres e crianças, direccionando às famílias os valores financeiros entre 1.100 e 3.300 euros mensais que são destinados aos centros de acolhimento de crianças e jovens (instituições privadas e/ou religiosas)”.
Num “gesto provocador”, conforme o apresenta, a empresária de impacto social, Myriam Taylor, perguntou ao ChatGPT: “Se fosses o diabo, como destruirias a Humanidade?”. A resposta, conta-nos, foi clara: “Através da erosão da empatia, da glorificação do ego, da divisão, da normalização da injustiça, da destruição da confiança e da apatia perante o sofrimento”. Mais do que notar que é “exatamente o caminho que estamos a seguir”, neste artigo de opinião Myriam aponta soluções. “O desafio é claro e urgente: precisamos de resgatar a ideia de coletivo. De voltar a ensinar – em casa, nas escolas, nos media – que a liberdade e a justiça não são bens individuais. Que sem compaixão, sem responsabilidade partilhada, não há sociedade possível”.
Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais, pós-graduada em Gestão Financeira e mestranda em Desenvolvimento Global, Eva Cruzeiro, popularizada pelo nome artístico Eva Rapdiva, é candidata a deputada pelo Partido Socialista, ocupando a 8.ª posição na lista do círculo eleitoral de Lisboa. A notícia está a desencadear uma onda de contestação, sobre a qual Myriam Taylor, empresária de impacto social, reflecte neste artigo de opinião.
Titulada em crioulo guineense, a peça “Arus Femia” – que em português significa “Arroz Fêmea” –, estreia-se esta semana no Teatro do Campo Alegre, no Porto, com duas sessões. A primeira está marcada para sexta-feira, 21, às 19h30, seguindo-se outra no sábado, 22, às 21h30. Neste dia, as reflexões desembrulhadas em palco estendem-se ao programa da Conferência “Arroz Africano no Mundo Atlântico”, que acontece a partir das 14h30, no Rivoli.
Nasceu em França, há 32 anos, com Marrocos e Tunísia no sangue, e cresceu sob a inspiração de múltiplas influências culturais, desde cedo alargadas a viagens frequentes a Israel. Já adulta, Juliata Cohen encontrou em Jerusalém um bastião de entendimentos humanos, de onde partiu para seguir um apelo de alma, pronunciado numa língua que desconhecia, mas admirava: o bambara. Encontrou o idioma nas vozes de artistas como Fatoumata Diawara, Amadou & Mariam ou Oumou Sangaré, e, por dois anos, fez dele ‘morada’, entre viagens pelo Mali e o Burkina Faso. Já com algum vocabulário em bambara, seguiu para Cabo Verde, destino de um novo impulso musical, entretanto adoptado como casa e laboratório de experiências, traduzidas em “22:22”, o seu álbum de estreia. Lançado a 22 de Janeiro, o trabalho conta com os contributos de duas referências da música cabo-verdiana – Djô da Silva e Mario Lucio –, e, por estes dias, está a ser apresentado em Portugal. Amanhã, 8, Juliata sobe ao palco do Wow, no Porto, e no sábado seguinte, 15, podemos ouvi-la na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa. Até lá, fique a conhecer um pouco mais da sua história, que também passa pelo artesanato.
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ÚLTIMOS ARTIGOS
Depois de, no ano passado, ter movimentado visitas por mais de seis meses de exposição, “Álbuns de Família” regressa ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, na próxima quarta-feira, 14, às 18h. Agora em forma de catálogo, co-organizado pela professora a investigadora Inocência Mata, as “Fotografias da Diáspora Africana na Grande Lisboa” permitem quebrar um velho padrão de representação colonial de pessoas negras.
A jornalista Joana Gorjão Henriques apresenta no próximo dia 6 de Maio, às 18h, no Museu do Aljube Resistência e Liberdade, o seu mais recente livro, intitulado “Colonos, Retornados e a Revolução por cumprir”.
No próximo dia 3 de Maio, entre as 11 e as 21h, os jardins do Museu de Lisboa, no Campo Grande, ligam-nos a Cabo Verde, a partir da programação do Festival Morabeza Lx. Com entrada livre, o evento começa com o “Mercado Kriolo”, e termina com a música de Tito Paris e convidadas.
O Dia Mundial da Dança comemora-se na próxima terça-feira, 29, e as celebrações passam pela Casa do Brasil de Lisboa, palco da roda de conversa “Danças Afro Diaspóricas - Na Gira do Atlântico”, com início às 19h.
Luciana Mendonça, professora do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Música na Universidade Federal de Pernambuco, no Brasil, está na próxima terça-feira, 29, no ISCTE, em Lisboa, para uma aula aberta que traz no sumário as trajectórias de Sara Tavares e Selma Uamusse.
A Biblioteca de Alcântara, em Lisboa, acolhe no próximo sábado, 26, às 15h, o lançamento do livro "Contos Manhosos e Outras Histórias", da autoria de Pedro Albuquerque, e com a assinatura do músico angolano Bonga na nota introdutória.